Nos últimos séculos , diversos pensadores criticaram a busca de uma explicação metafísica para o ser humano, abstrata , rígida e universalista, passando a enfatizar a perspectiva da realidade concreta dos indivíduos. Vejamos dois exemplos de grande influência sobre o pensamento contemporâneo. No século XIX , Karl Marx afirmou que não existe o indivíduo formado fora da vida em sociedade , um ser isolado, abstrato e universal , como concebeu a maioria dos filósofos. Segundo Marx , para compreender e explicar os seres humanos é preciso partir das condições materiais em que cada indivíduo vive ou viveu , ou seja , com base em sua história concreta e existência social. Assim, se há alguma essência no ser humano, ela corresponde ao conjunto de suas relações sociais , e estas estão determinadas pelas relações produtivas econômicas. É nesse pano de fundo que os seres humanos constroem o que são como indivíduos. No século XX, o filósofo francês Jean-Paul Sartre - um dos principais expoentes do existencialismo , abriu uma exceção à noção metafísica tradicional de que cada coisa tem um ser , uma essência , e que desta resulta sua forma de existir. Nesse sentido , a natureza (sua essência) determinaria sua existência. Sartre dirá que , no caso humano, a existência precede a essência. Isso significa que o ser humano é um nada quando nasce , isto é , quando passa a existir. Só depois , à medida que vai se definindo , é que passa a ser (ser algo). O que há é esse nada , que confere ao ser humano a liberdade de escolha e a grande responsabilidade de construir a si mesmo dentro das condições encontradas desde seu nascimento. Sartre reconhecia, no entanto, que as pessoas devem enfrentar as condições a priori de sua existência, isto é , sua situação histórica , aproximando-se das concepções de Marx. Por exemplo: nascer escravo não é o mesmo que nascer livre. Portanto, para Sartre , não é a natureza humana , mas sim a condição humana - sua situação no mundo- o que impõe limites à liberdade das pessoas.