Foi o que supôs Aristóteles. Ele era um grande observador da natureza - considerado por muitos o primeiro biólogo que existiu - e achava que o sensível e o inteligível tinham que estar unidos , metidos um no outro. Apenas a análise ontológica permitiria identificá-los e separá-los , mas essa separação seria apenas conceitual . Na realidade mesma , sensível e inteligível , andariam sempre juntos. Para o filósofo , "as coisas são o que são em sua própria natureza". Ou seja , o ser verdadeiro deve ser imanente. Seguindo essa linha de raciocínio, Aristóteles concebeu a noção de que todas as coisas estariam constituídas de dois princípios inseparáveis :
¤ matéria (hylé, em grego) - o princípio indeterminado dos seres , mas que é determinável pela forma ;
¤forma (morphé , em grego) - o princípio determinado em si próprio , mas que é determinante em relação à matéria . Assim , tudo o que existe compõe-se de matéria e forma , daí o nome hilemorfismo para designar essa doutrina. Note , porém, que é a forma que faz com que as coisas sejam o que são , enquanto a matéria constitui apenas o substrato que permanece . Nos processos de mudança , é a forma que muda ; a matéria mantém-se sempre a mesma . Por exemplo: se um anel de ouro é derretido para converter-se em uma corrente de ouro , muda-se a forma (de anel para corrente), mas mantém-se a matéria (ouro). Como você pode perceber , apesar de revalorizar o sensível , aristóteles não desprezava totalmente a concepção de ideias eternas de seu mestre , mas trazia de volta a este mundo, batizava-a com outro nome (forma) e a complementava com o que supôs que lhe faltava para que pudesse explicar todas as classes de seres e as mudanças do real.