De acordo com a análise do filósofo e sociólogo Lucien Goldmann (1913-1979), os valores fundamentais defendidos pelos iluministas (igualdade , tolerância , liberdade e propriedade privada) poderiam ser relacionados com a atividade comercial, constituindo também valores burgueses. Em outras palavras , esses pensadores teriam sido ideólogos da burguesia. Vejamos alguns tópicos dessa interpretação (c.F. Goldmann , "La Illustración y la sociedad actual).
¤Igualdade Jurídica
1- No ato de comércio , como a compra e a venda , todas as eventuais desigualdades sociais entre compradores e vendedores não são essenciais. Na compra e venda , o que efetivamente importa é a igualdade jurídica dos participantes do ato comercial.
2- Observamos que grande parte da burguesia dessa época defendeu a igualdade jurídica de todos perante a lei. Todos seriam cidadãos com direitos básicos , embora com diferentes situações socioeconômicas.
¤Tolerância Religiosa Ou Filosófica
1- Para a realização do ato comercial , não têm a menor importância as convicções religiosas ou filosóficas das pessoas. Do ponto de vista econômico, seria irracional, absurdo , o processo de compra e venda somente entre pessoas da mesma religião ou filosofia. Seja o indivíduo muçulmano , judeu, cristão ou ateu , sua capacidade econômica não depende de suas crenças religiosas ou filosóficas.
2- Sabemos que os representantes da burguesia assumiram na época a defesa da tolerância.
¤Liberdade pessoal e social
¤ O comércio só pode se desenvolver em uma sociedade onde as pessoas estejam livres para realizar seus negócios . Pois sem indivíduos livres , recebendo salários , não pode haver mercado comercial.
2- Verificamos que a burguesia posicionou-se então contra a escravidão da pessoa humana.
¤Propriedade Privada
¤ O comércio também só é possível entre pessoas que detenham a propriedade de bens ou de capitais , pois a propriedade privada confere ao proprietário o direito de usar e dispor livremente o que lhe pertence.
¤Observamos que nessa época os representantes da burguesia passaram a defender o direito à propriedade privada , que se tornou essencial à sociedade capitalista.