Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento de que a vontade é uma força que determina a vida e não uma função específica ligada ao intelecto , tal como diziam os gregos . Agostinho contrapõe-se , dessa forma , ao intelectualismo moral , que teve sua expressão máxima em Sócrates. Isso significa que , de acordo com Agostinho, a liberdade humana é própria da vontade e não da razão - e é nisso que reside a fonte do pecado. A pessoa peca porque usa seu livre-arbítrio para satisfazer uma vontade má , mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa. Nas palavras do filósofo , vejamos as causas mais comuns do pecado :
"O ouro , a prata , os corpos belos e todas as coisas são dotadas dum certo atrativo. O prazer de conveniência que se sente no contato da carne influi vivamente. Cada um dos outros sentidos encontra nos corpos uma modalidade que lhes corresponde . Do mesmo modo a honra temporal e o poder de mandar e dominar encerram também um brilho , donde igualmente nasce a avidez e a vingança . [...] A vida neste mundo seduz por causa duma certa medida de beleza que lhe é própria , e da harmonia que tem com todas as formosuras terrenas. Por todos estes motivos e outros semelhantes , comete-se o pecado, porque , pela propensão imoderada para os bens inferiores , embora sejam bons , se abandonam outros melhores e mais elevados , ou seja , a Vós , meu Deus , à vossa verdade e à vossa lei. " (Santo Agostinho , Confissões , p. 33).
Por isso Agostinho afirma que o ser humano não pode ser autônomo em sua vida moral , isto é , deliberar livremente sobre sua conduta . No entanto, como o que conduz seus atos é a vontade e não a razão, o ser humano pode querer o mal e praticar o pecado , motivo pelo qual necessita da graça divina para se salvar.