Buscando explicar a formação das sociedades e dos Estados , alguns pensadores especularam sobre como seriam os seres humanos antes que esses fenômenos ocorressem , isto é , em situação pré-social , a qual se determina estado de natureza. Vejamos as duas concepção mais destacadas a esse respeito , nas quais se formulam concepções praticamente contrárias sobre uma "essência natural" humana. No século XVII, o filósofo inglês Thomas Hobbes partiu do pressuposto de que os seres humanos são maus por natureza e não são naturalmente sociais , como defendia Aristóteles. Por isso supôs que , no princípio , teriam vivido isolados e em luta permanente por seus interesses individuais. Como não havia as garantias de uma sociedade organizada , cada um fazia o que podia para se proteger , pois vigorava a lei do mais forte. Era , enfim , um estado de guerra de todos contra todos , em que "o homem era o lobo do próprio homem". Predominavam o egoísmo natural e o medo da morte. A vida nessas circunstâncias era bruta , desagradável e de curta duração , condição que só chegaria ao fim com a fundação que traz paz aos indivíduos. No século XVIII , o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau formulou uma tese bastante distinta , se não oposta à de Hobbes. Para ele , o ser humano em estado de natureza vivia isolado, livre e feliz , guiado por bons sentimentos e em harmonia com seu habitat natural . Era o chamado bom selvagem . Segundo o filósofo, essa condição teria se modificado apenas no momento em que alguém cercou um terreno e disse que era seu, ou seja , quando surgiu a propriedade privada. Somente então teria surgido o estado de guerra mencionado por Hobbes . Com o surgimento da sociedade e de todas as suas instituições , desapareceu a bondade natural , própria dos selvagens. Portanto , a tese de Rousseau é a de que a sociedade corrompe os seres humanos.