A implantação da colonização do Brasil não foi um processo fácil. Aliás , já vimos isso. Como inexistiam produtos para o mercado externo e os minerais metálicos não foram encontrados num primeiro momento , só foi possível viabilizar a colonização a partir da intervenção direta da Coroa Lusitana , criando uma estrutura administrativa e assegurando pesados investimentos no setor produtivo. Realizada essa tarefa difícil inicial , definidas as relações entre Brasil e Portugal nos limites do sistema colonial mercantilista , a colônia se tornou a porção mais rentável do Império Português. Mas , com o tempo , as decisões unilaterais da metrópole no trato das "questões coloniais" passam a ser questionadas e algumas fissuras começaram a ameaçar a estabilidade do Sistema Colonial. A elite colonial já não aceitava passivamente medidas que feriam mais diretamente seus interesses e esboçaram as primeiras reações do protestos. Resultado : entre o final do século XVII e início do XVIII uma série de conflitos pipocaram na colônia. Conflitos com limites bem definidos: lutava-se contra algum tipo específico de medida opressora da metrópole ou ainda para se garantir alguma reivindicação local . As lutas nunca avançavam contra a metrópole em si. Em outras palavras , lutava-se contra medidas específicas do Sistema Colonial , mas não contra ele. Conflitos como a Revolução dos Beckmans , Guerra dos Emboabas , Guerra dos Mascates e Revolta de Vila Rica , não tinham , no seu horizonte , a perspectiva de ruptura definitiva com a metrópole , isto é , não eram lutas separatistas , que pretendessem romper com os laços coloniais. Mesmo assim , foram reprimidas com alto requinte de crueldade e violência. Felipe dos Santos , líder da revolta de Vila Rica se não tivesse sido enforcado e em seguida esquartejado, poderia ter contado com detalhes toda essa história... O fato é que a Coroa Lusitana tinha que mostrar quem era o galo do terreiro.
