Uma das tarefas da lógica é denunciar as falhas no raciocínio , também chamadas de falácias. Um raciocínio pode ser incorreto por vários motivos. Em primeiro lugar , as premissas podem ser falsas. Lembre-se do exemplo apresentado anteriormente , que tinha como premissa : "Nenhum homem tem pulmões". Já que essa proposição é falsa, a conclusão também é, embora o raciocínio fosse formalmente correto.
-Todo bode tem quatro patas.
-Todo elefante tem quatro patas.
- Logo , todos os elefantes são bodes.
Nesse raciocínio , partimos de premissas verdadeiras. É verdade que todo bode tem quatro patas , assim como é verdade que o elefante também as tem. Mas o raciocínio é incorreto porque o termo médio (ter quatro patas) não é tomado em sentido universal em nenhuma das premissas. Em outras palavras , a forma como foi construído o raciocínio é que nos leva ao equívoco.
Há outras formas fáceis de identificar silogismos inválidos. Por exemplo :
- De duas premissas negativas nada se conclui.
- De duas premissas particulares nada se conclui.
- Se uma premissa for particular , a conclusão não pode ser geral.
- Se uma premissa for negativa , a conclusão não pode ser afirmativa.
- Duas afirmações não podem gerar uma negação.
- Em pelo menos uma das premissas o termo médio tem de ser tomado como universal.
- A conclusão não deve conter o termo médio.
Muitas vezes , os raciocínios são considerados falsos por uma questão de redundância. Se alguém , por exemplo , argumenta que " a democracia é o governo da maioria" porque , "no governo da maioria se dá a democracia" , na verdade não houve silogismo . O que se fez simplesmente inverter os termos : o que era sujeito virou predicado , e o que era predicado virou sujeito. A conclusão , portanto , não passou de uma maneira diferente de dizer o que havia sido afirmado antes.
Vejamos outros exemplos de falácias:
- Todo brasileiro é flamenguista.
- Eu sou brasileiro.
- Logo , eu sou flamenguista.
Nesse caso , o raciocínio é formalmente válido mas ainda assim é uma falácia , pois o conteúdo de uma de suas premissas é falso: "não é verdade que todo brasileiro , é flamenguista".
- Nenhum cachorro é bípede.
- João não é cachorro.
- Logo , João não é bípede.
Nesse caso , o raciocínio também é uma falácia , embora as premissas sejam verdadeiras. O erro acontece porque as duas premissas são negativas , pelo uso das expressões "nenhum" e "não é". E, de acordo com as regras da lógica formal , de duas negativas nada se conclui.
- Todo os vegetais têm células.
- Todos os animais têm células.
- Logo , todos os animais são vegetais.
Novamente , as premissas são verdadeiras. É verdade que todos os vegetais têm células , assim como é verdade que todos os animais têm células . Mas não é verdade que todos os animais sejam vegetais. A forma do raciocínio é inválida , pois o termo médio ocupada o lugar de predicado nas duas premissas.
- Alguns médicos são mato-grossenses.
- Alguns mato-grossenses não têm curso superior.
- Logo , alguns médicos não têm superior.
Novamente , o problema é a forma do raciocínio . As premissas são verdadeiras, pois é verdade que alguns médicos sejam mato-grossenses, assim como é verdade que alguns mato-grossenses não têm curso superior. Mas a conclusão é equivocada , pois de dois enunciados particulares nada se conclui.
-Toda cidade grande tem controle de trânsito.
- Tóquio é uma cidade grande.
- Logo, há o controle de trânsito em uma cidade grande.
Nesse silogismo , as premissas são verdadeiras e a conclusão também . Onde está o erro então? Veja que a conclusão é simplesmente uma decorrência da primeira premissa: se é verdade que toda cidade grande tem controle de trânsito , é necessariamente verdadeiro que em uma cidade grande haja controle de trânsito. A segunda premissa é simplesmente desnecessária para a conclusão. Não se trata, nesse caso , de um verdadeiro raciocínio , mas de uma redundância , pois a conclusão já está compreendida em uma das premissas. Assim como as demais formas de raciocínio , as falácias também fazem parte de nosso dia a dia. Em muitas soluções , é comum a utilização de argumentos mal formulados para não admitir contradições ou ignorância sobre um determinado assunto. Analisando discursos desse tipo à luz da lógica , podemos identificar os mais consistentes e rejeitar os incoerentes. Do mesmo modo , no trabalho , na escola ou em outros momentos da vida, a lógica nos torna mais aptos para avaliar as ideias de outras pessoas , assim como torna nosso próprio discurso mais coerente para as outras pessoas.