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domingo, 12 de abril de 2020

A Confederação do Equador - 1825 : Reação Contra O Império


A violenta repressão que se seguiu a derrota  da Revolução Pernambucana de 1817 pôs termo a muitas vidas , mas não , ao "espírito de revolta" da população provinciana. Afinal , nada mudou . A miséria do dia-a-dia de mulatos e negros livres radicalizava o desejo de libertação popular. A ambição da elite agrária em exercer diretamente o poder político local permanência. As idéias liberais e não poderiam ser simplesmente apagadas das memórias e , portanto , continuavam acalentando os senhos de alguns idealistas , como frei Caneca e o lendário Cipriano Barato , "o homem de todas revoluções". Enfim , a permanente conspiração política ainda rondava os mais diversos ambientes nordestinos , em particular , pernambucanos. Portanto, os "anos que se seguiram à derrota da revolução Pernambucana de 1917 foram anos de conspirações." Em 1822 , o Brasil se separou de Portugal . Para as camadas populares , nada de novo se anunciava . Entretanto , para as elites do nordeste abria-se a possibilidade de alcançar a tão sonhada autonomia provincial e , através dela , o poder político local. Aliás , foi com essa expectativa que participaram através de seus deputados, da Assembléia Constituinte (1823) que iria elaborar a primeira Constituição  do Brasil. Iria , porque acabou dando a maior zebra. Acontece que D.Pedro I fechou a Assembléia Constituinte e, em 1824, outorgou uma Constituição de caráter absolutista e centralizadora. Segundo essa Constituição , os presidentes das províncias seriam indicados pelo Imperador e o único de representação local seria o Conselho Provincial , com poder apenas consultivo. Portanto , a Constituição de 1824 afogou os senhos autonomistas das elites regionais , mantendo a antiga estrutura absolutista e centralizadora do período colonial. Em Pernambuco , a reação das elites econômicas e intelectuais foi imediata . A conspiração passou a ser aberta. Jornais como Tífis Pernambuco ( de Frei Caneca) e o Sentinela da Liberdade (de Cipriano Barata) intensificaram e radicalizaram as críticas a D.Pedro I e ao sistema imperial, exercendo o importante papel de fazer convergir os diversos setores insatisfeitos com o império num único movimento . As massas populares , aspirando o fim da escravidão e das desigualdades , embora sem um projeto político definido , e portanto , conduzidas pelas lideranças liberais , organizaram-se em brigadas populares. Mas uma insurreição se anunciava em Pernambuco. O ato imperial de nomear como governador (interventor) da província de Pernambuco, Paes Barreto , homem de confiança de D.Pedro I , provocou a reação da população pernambucana. O fato da Câmara de Olinda se recusar a reconhecer a Constituição de 1824 , provocou a reação de D. Pedro I. Estava aberto o confronto . Em fevereiro de 1824 , foi criada a Confederação do Equador , que , através de um manifesto , propunha a adesão das demais províncias nordestinas. Pernambuco , Ceará , Paraíba , Rio Grande do Norte e Alagoas são os Estados que passaram a compor o mais novo país da América : A República da Confederação do Equador. A Junta Governativa que assumiu o poder adaptou a Constituição da Colômbia para reger o destino dos Estados confederados e , pressionada por radicais liberais e pelas brigadas populares , determinou o fim do tráfico negreiro . Embora fosse uma medida inicialmente restrita ao Recife , e que portanto não inviabilizaria a continuidade da entrada de negros escravos nas províncias da Confederação , era uma medida de que feria os limites conservadores das elites agrárias: manutenção da estrutura escravagista e agrária-exportadora. A liberdade pretendida pelas elites não alcançava a escravidão negra. As elites agrárias recuaram. Dividido , o movimento se tornou frágil , favorecendo enormemente a repressão que partiu do Rio de Janeiro . Aliás , que partiu da Inglaterra, porque , em verdade , para sufocar a Confederação do Equador, D. Pedro I contratou , mais uma vez, por alguns milhões de libras  , mercenários ingleses. E , sem dúvida , a superioridade bélica imperial e inglesa foi suficientemente forte para desarticular toda e qualquer forma de resistência , garantindo , a ferro e fogo , a manutenção da unidade territorial do país recém-independente. A repressão que se seguiu à derrota do movimento separatista foi tão violenta como nos "Velhos Tempos" coloniais. Pode-se até mesmo repetir : prisões , exílios , enforcamentos e fuzilamentos escrevem , com tinta sangue, o fim da rebelião. O império saiu vitorioso frente ao primeiro movimento que , pós a independência , desafiou a unidade territorial do Brasil. 


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