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segunda-feira, 6 de abril de 2020

De 90-2000 : O Brasil E A América Do Sul


Outros países da América do Sul sempre viram o Brasil como um país expansionista , encarando-o , por isso , com reservas. O Brasil , desde que se transformou num Estado Independente (1822) , procurou tornar-se uma "potência regional"  neste subcontinente , enfrentando uma séria competição com a Argentina , que também almejava essa condição. De fato , uma das aspirações de alguns intelectuais e de certos governantes do Brasil tem sido transformar nosso país , em relação à América do Sul , em algo semelhante ao que os Estados Unidos são na América do Norte . No entanto , esse projeto nunca se realizou, a não ser parcialmente . Quando comparamos a área total do Brasil na época da independência com a de hoje , notamos que o território brasileiro se expandiu . E essa expansão se fez à custa de perdas territoriais de países vizinhos. É bastante conhecida a afirmação : "Para onde o Brasil for , a América do Sul (e a América Latina) irá também". É evidente que há muito exagero nessa afirmação , facilmente desmentida pelos fatos . Mas existe , ou ode vir a existir , um pouco de verdade nela. Afinal , o Brasil possui um território imenso , uma população maior que a de todos os demais países sul-americanos reunidos e uma produção industrial (gigantesca para um país do Sul). No entanto , o pouco de liderança que o Brasil possui na América do Sul em geral foi utilizado de forma insegura , isto é , para ajudar a manter as desigualdades  e para evitar desigualdades e evitar iniciativas de mudança  ou de modernização. Basta lembrar o papel do Brasil , com a Argentina e o Uruguai , ao destruir a experiência paraguaia de desenvolvimento , no fim do século XIX , na Guerra do Paraguai . Mesmo recentemente, durante o regime militar ( de 1964 a 1985) , o governo brasileiro ajudou as outras ditaduras militares dos países sul-americanos (Argentina , Chile e Uruguai) e reprimir os movimentos populares e a perseguir as pessoas que se opunham a elas. Essa liderança do Brasil sobre os demais países latino-americanos acabou se estendendo também ao modelo econômico brasileiro: crescer à custa do endividamento externo e do arrocho salarial , ou seja , tirando recursos dos assalariados para dá-los a uma elite privilegiada. Esse modelo, como já vimos, vigorou durante algumas décadas e entrou em crise nos anos 1990. Embora frágil , essa liderança poderia ser utilizada de forma consistente. Se o Brasil , por exemplo, se empenhasse em abrir cada vez mais o livre-mercado , modernizasse seu sistema escolar, certamente influenciaria o resto da América do Sul e talvez até a América Latina. Isso poderia levar este subcontinente a se tornar , novamente , a região mais dinâmica de todo o Sul. O crescente êxito do Mercosul parece apontar nessa direção , e talvez seja o indício de uma mudança profunda nas relações entre o Brasil e os demais Estados sul-americanos . Pela primeira vez em sua história , o Brasil deixa de "dar as costas" a seus vizinhos (e vice-versa) e se empenha em definir uma verdadeira integração regional no sul do subcontinente, que , no entanto , poderá com o tempo abranger outros países sul-americanos. 

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