A moral estabelece regras de conduta , colocando limites a nossas ações. Mesmo nossos pensamentos e desejos podem ser submetidos ao crivo da moral. Afinal , o que são os pensamentos obscenos ou os desejos proibidos senão a violação de preceitos morais? Além de nos dizer o que é ou não permitido , a moral também nos dá diretrizes para tomamos nossas decisões . Mas o que é moralidade, afinal? Em princípio , a moral parece algo impessoal , vindo "de cima". Tanto assim que os Dez Mandamentos , um conjunto de preceitos imensamente influente em nossa cultura, teria sido supostamente dado a nós por Deus . Em muitas sociedades , e não apenas na nossa , frequentemente se diz que a moralidade procede de uma instância transcendente. Mesmo se negarmos a existência de Deus como fonte dos preceitos morais , ainda assim devemos admitir que muitas , senão todas , as nossas convicções morais se devem a algum tipo de doutrinação : ordens; conselhos ; exemplos ; ameaças ; gestos; súplicas de nossos pais, professores , amigos , autoridades públicas , artistas , leituras de autores do passado , etc. Tendo em vista , então , que muitos dos preceitos morais que cultivamos não raros vão contra nossos interesses pessoais, então porque devemos segui-los , afinal? Mesmo que entendamos a moral não como um conjunto de preceitos vindos "de fora", mas como uma "voz da consciência", um ímpeto moral vindo de dentro de nós mesmos , ainda assim , por que dar ouvidos à consciência? Por que devemos ser virtuosos? Por que devemos agir de acordo com os preceitos estabelecidos pela moral? Poderíamos imaginar , por exemplo , que adotar um comportamento moral seria mais proveitosos a nós mesmos a médio ou longo prazo , mas há muitas evidências de que isso não é verdade. Agir de modo estritamente moral pode implicar sacrifícios imensos , como o de uma cerreira profissional , da aceitação em algum grupo social ou até mesmo o de colocar em risco a própria vida. Assim, a questão permanece: Qual é a justificativa da moral? Além disso , há outra questão , não menos importante: Qual é a origem da moral? Um pessoa de orientação religiosa poderia responder que as leis morais precedem de Deus. De um ponto de vista filosófico , porém , mesmo que aceitássemos essa resposta - e nem todos a aceitaram - , ainda assim a questão não estaria inteiramente respondida. Em uma obra intitulada Eutifron , por exemplo , Platão coloca a seguinte questão: " O que é pio é mandado pelos deuses por ser pio , ou é pio porque é amado pelos deuses?" . Em outras palavras, para Platão os preceitos divinos não são justos pelo mero de terem sido dados pelos deuses , mas são dados deuses pelo fato de serem justos. Então , a questão sobre o fundamento da moral deveria pressupor algo mais do que simplesmente dizer que é algo dado a nós por um ser transcendente . O que faz com que uma boa ação seja boa e que uma má ação seja má? Uma terceira questão , além do porquê e da origem moral , parte da constatação de que a moral não é uma só . Aquilo que se considera bom ou mau , certo ou errado , justo ou injusto , varia imensamente de uma época para outra , de um povo para outro ou até mesmo de um indivíduo para outro . Sendo assim , como compreender e aceitar tamanha diversidade de sistemas morais? E , mesmo que possamos admitir que apenas um desses sistemas esteja correto , que razões teríamos para discernir qual deles , entre tantos? Essas questões são complexas e , para respondê-las , os filósofos de diferentes épocas formularam diversas teorias éticas. De modo simplificado , podemos dividir essas teorias em três categorias : as teorias das virtudes , as teorias do dever e as teorias consequencialistas. É importante ter em mente , porém , que essas categorias foram pensadas para facilitar a análise , mas não raro encontramos uma ou outra concepção ética que possa ser enquadrada em mais de uma categoria , assim como concepções que não se enquadrem perfeitamente em nenhuma delas.