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terça-feira, 11 de junho de 2019

Primeiro Motor : Filosofia


Aristóteles também refletiu sobre a questão da origem do mundo. Para ele , o mundo é eterno, isto é , nunca teve um princípio e nunca terá um fim , tendo em vista que as próprias noções de princípio e de fim contrariam sua concepção de movimento. Veja por que ele pensava assim. Se o movimento é a passagem da potência ao ato - em que varia a forma , mas se mantém a matéria - , isso implica que há sempre um algo antes (do qual de parte) e um algo depois (ao qual se chega), como o anel que se converteu em correntinha ou da semente em árvore. Portanto , é impossível conceber , sem contradição , o "começar" do mundo , pois faltaria o ponto de partida do movimento (o algo antes que possibilita  o movimento). E é igualmente inconcebível o "terminar" do mundo, pois nesse caso faltaria o ponto de chegada do movimento. Desse modo, Aristóteles concluiu que o mundo é um movimento eterno, sem começo nem fim. Só que isso não explica totalmente o problema do movimento do mundo, pois tudo que se move deve ter sido colocado em movimento por algo (um agente motor), que , por sua vez , foi colocado em movimento por algo mais , e assim por diante. Mas isso não pode continuar infinitamente , senão que deve se deter num ponto e haverá algo que seja a causa primeira do movimento. Assim, ponderou Aristóteles , "tem de haver algo que seja eterno, substância  e ato , e que mova sem mover-se" (Metafísica , XII, 7 , 1072).   É então que Aristóteles formula a doutrina do primeiro motor ou motor imóvel , a causa primeira de todo movimento. Observe que , o primeiro motor poderia ser imóvel, porque , do contrário, ele necessitaria de algum outro motor que causasse seu mover. Portanto, para ser o primeiro , deve ser necessariamente imóvel , apesar de causador de todo movimento.  Só que agora você pode estar se perguntando: "Como pode algo imóvel gerar movimento?" . Aristóteles respondeu que é por atração , pois todas as coisas tendem àquilo que é bom , belo ou inteligente , e o primeiro motor - que é ato puro e perfeição - é tudo isso. Ou seja , o primeiro motor funciona como causa final do mundo. Mais uma vez fica confirmada a concepção teleológica da realidade da filosofia aristotélica.  Vemos , assim, por que a concepção de mundo aristotélica é considerada teleológica , pois ha uma primazia da causa final. É, enfim, o para quê , a finalidade , o télos aquilo que determina a passagem da potência ao ato, comandando o movimento do real.

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