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terça-feira, 11 de junho de 2019

As Primeiras Décadas do Século XX - O País A Caminho da Modernidade


A introdução de nosso país na modernidade possui íntima ligação com o vertiginoso crescimento industrial de São Paulo , que se deu a partir do início do século XX. A chegada de um número cada vez maior de imigrantes , especialmente italianos , gerando mão de obra barata , e a necessidade de suprir a carência de produtos antes importados da Europa (uma decorrência da Primeira Guerra Mundial ) conjugaram-se para imprimir um ritmo acelerado ao processo de urbanização e industrialização de São Paulo. A cidade torna-se , assim, símbolo de trabalho , de progresso , de modernização. O capital proveniente das lavouras cafeeiras combina-se com o capital industrial , fazendo de São Paulo a "locomotiva que arrasta os vinte vagões vazios" , conforme expressão da época. Matriz em torno da qual gravitam os demais estados , "Pauliceia desvairada" , de Mário de Andrade , toma o lugar do Rio de Janeiro , capital política do país , no seu papel de centro econômico e cultural.  Para São Paulo convergem , então, a prosperidade , a riqueza, a necessidade de modernização. Configura-se o "status" de uma nova burguesia , que se adensa com subsídios provenientes da aristocracia rural cafeeira e também com a ascensão das camadas de imigrantes bem-sucedidos , enriquecidos pelo comércio e pela indústria , cujos filhos se casavam com as filhas de fazendeiros , provocando uma fusão das elites dominantes. As frações dessas elites mais comprometidas com o crescimento industrial incorporavam os anseios de renovação e de revitalização cultural do país , que se manifestavam por meio de jovens inquietos e intelectualizados, que chegavam da Europa trazendo ideias e propostas das vanguardas para os mais diversos campos artísticos. Oswald de Andrade , de personalidade anarquista e irreverente , tornou-se personagem simbólico desse processo , enquanto Mário de Andrade simboliza uma liderança mais austera e consequente. Representantes das elites detentoras do poder , tais como Rená Thiollier e Paulo Prado , subvencionaram a Semana de Arte Moderna , cujas reivindicações e manifestações artísticas , no entanto , causaram estranheza e repúdio a essas mesmas elites. Esse fato se explica se pensarmos na oscilação entre o velho modelo político e os anseios por renovação que caracterizavam o país na época. Por um lado , o domínio da nobreza fundiária ou oligárquica (proveniente da lavoura cafeeira e da pecuária) expressava-se por meio da política do café com leite , que só seria superada por volta de 1930 , com a desvalorização internacional do preço do café (1928) e a quebra da Bolsa de Nova Iorque (1929).  Por outro lado , o descontentamento de camadas sociais marginalizadas do poder - operários , burocratas , comerciantes , pequenos proprietários , a burguesia industria incipiente , profissionais liberais , o Exército etc. - fazia-se notar por meio de greves , como a greve geral de 1917, que indicavam o crescimento de de organizações sindicalistas e de tensões que viriam a se expressar em movimentos revolucionários , como o Tenentismo (1922-1924) e a Coluna Prestes (1925).

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