Outra tendência significativa da prosa contemporânea portuguesa é a presença de escritores cuja ficção se nutre da violência da guerra colonial. Representando essa tendência , cabe lembrar António Lobo Antunes, Lúcia Jorge e Helder Macedo , que viveram os últimos anos da colonização portuguesa na África e o processo de descolonização. Lobo Antunes , em romances como "Os Cus de Judas" (1979) e "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura" (2000) , transmuta artisticamente a experiência da guerra , explorando-a em seus aspectos psicológicos , ou melhor , focalizando os conflitos afetivos entre as pessoas em guerra. Lídia Jorge , por sua vez , elege a mudança rumo à democracia da sociedade portuguesa pós 25 de abril de 1974 o seu grande tema , em obras que , a exemplo de outros grandes criadores , preocupa-se em reelaborar esteticamente a oralidade da língua . "A Costa dos Murmúrios" (1988) e "O Vento Assobiando Nas Gruas" (2002) constituem alguns de seus importantes trabalhos. Professor de literatura e poeta , Helder Macedo estreou como romancista com "Partes de África" (1922) , um romance de ritmo vertiginoso , onde o leitor "escuta histórias do velho Portugal" , com anotações atrozes sobre o colonialismo e o salazarismo na África , e outras mais recentes , sobre o novo e esfacelado Portugal, uma jovem nação velha , aberta ao diálogo com as antigas colônias" (SANTIAGO , 1999).
