Saiba Mais

Translate

segunda-feira, 17 de junho de 2019

O Avanço Conservador


Ao final da década de 1830, o quadro político brasileiro começava a se modificar. Derrotados ou convencidos dos riscos da radicalização política e da necessidade de um poder central, os liberais exaltados foram perdendo sua importância. Por outro lado, a divisão interna dos liberais moderados era cada vez mais evidente. Uma tendência mais conservadora pretendia acabar de vez com as turbulências revolucionárias e estabelecer um controle mais efetivo sobre o país, por meio da centralização do poder. Desde 1835, o chefe maior do governo brasileiro era o liberal moderado Diogo Feijó, eleito para Regência Una para um mandato de 4 anos. Em 1837, diante do fortalecimento dos conservadores, Feijó foi obrigado a renunciar , sendo substituído por Araújo Lima. Nesse mesmo ano as duas tendências acabaram por formar os dois grandes partidos do regime monárquico : o partido liberal e o partido conservador. Destituídos do poder, os liberais passaram a defender a decretação da maioridade de Pedro de Alcântara como forma de resistir ao avanço conservador , liderando o movimento que, em 1840, conseguiu coroar Dom Pedro II com apenas 14 anos de idade. A intenção dos liberais era conquistar o apoio do rei, visto que eles o haviam colocado no trono. Em contrapartida, os conservadores temiam ir contra o movimento, pois, assim, estariam indo contra o próprio Dom Pedro II. O golpe da maioridade representou uma vitória parcial dos liberais. Meses antes da coroação, os conservadores conseguiram aprovar medidas que diminuíram a autonomia do poder provincial. Logo em 1841, Dom Pedro II e os conservadores encaminharam uma reforma política pela qual o governo central passava a indicar os juízes e os delegados de polícia das localidades. O risco da fragmentação do território brasileiro, exemplificado pelas inúmeras revoltas, justificava a centralização política. O poder moderador falava mais alto. Por intermédio de símbolos monárquicos e das baionetas do exército e da guarda Nacional, o estado conseguia impor-se e cooptar os representantes das várias regiões brasileiras. Em 1842, a Revolta Liberal foi sufocada em São Paulo e Minas Gerais. Liderada pelo ex-regente Diogo Feijó , constituiu uma tentativa de reagir ao avanço conservador. Três anos mais tarde, a Revolta Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foi definitivamente encerrada. Uma última revolta explodiu em Pernambuco em 1848 . Foi a Revolta Praieira , caracterizada pela luta política de facções rivais na província. Derrotados os liberais mais radicais , o poder foi partilhado por conservadores e liberais articulados com a corte do Rio de Janeiro.  Em torno de 1850, o Estado Nacional estava consolidado. As oligarquias que já eram as regras do jogo político não mais representavam riscos de desagregação do país. As revoltas haviam sido debeladas e o projeto político do Centro-Sul, de integração nacional com relativa autonomia regional, havia sido vitorioso, articulando o poder privado às estruturas do poder público. Sem base popular e sem apoio de um setor numericamente significativo, o clientelismo resolveu o problema da legitimidade do Estado Nacional. Por meio de uma aparente representatividade eleitoral, o poder público oferecia vantagens, benefícios e empregos a seus aliados, que os distribuiu aos seus afilliados e clientes. Ser compadre de um coronel poderia render alguma ocupação burocrática no aparelho de estado ou permitir transpor a fronteira entre a miséria e a sobrevivência tutelada pelos poderosos. Por seu lado, a clientela garantia as fraudes eleitorais, ingrediente fundamental na montagem de maiorias parlamentares que permitiram a estabilidade política do segundo reinado. Em 1853, Dom Pedro  II empossou um novo ministério , composto por lideranças liberais e conservadoras. Significativamente ele ficou conhecido como o ministério da Conciliação. Tarefas cumpridas , a elite dirigente mantinha um olhar desconfiado sobre o conjunto da população, considerada bárbara e selvagem, o que justificava sua atitude paternalista e autoritária em relação à ela. Em nome da civilidade oligárquica, era tempo de "civilizar" o Brasil e de minimizar o problema da nação brasileira, composta por uma imensa maioria de negros, índios e mestiços, e dirigida por uma minoria que se considerava superior por sua herança europeia. Apesar the independente, o país ainda era o "inferno dos negros e o pulgatorio dos brancos". 

Anuncios