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sexta-feira, 14 de junho de 2019

A Prosa Romântica


Contrariamente à poesia , a prosa de ficção praticamente inexistiu durante o período colonial. Não temos autores em prosa com a qualidade de que se pôde verificar na produção poética anterior à era romântica com Gregório de Matos , Cláudio Manuel da Costa , Tomás  Antônio Gozaga ou Basílio da Gama . Na ausência de uma tradição, os autores românticos tiveram que partir do nada , restringindo-se , necessariamente , ao modelo dos romances europeus , já bastante difundidos entre nós na década de 1830. Assim, não é de estranhar que o desenvolvimento da poesia romântica tenha precedido o da prosa da ficção. Quando esta fazia suas primeiras tentativas mais consistentes , na década de 1840, aquela já tinha o seu primeiro grande autor - Gonçalves Dias. As obras precursoras do romance romântico hoje constituem apenas referências de pouco interesse para a história literária .  Pelos títulos de algumas delas , podemos avaliar a qualidade : Religião, Amor e Pátria (1838) , de Pereira da Silva ; "Os Assassinos Misteriosos", ou a paixão dos diamentes (1839) , de Justiniano José da Rocha ; Januário Garcia , ou as sete orelhas (1838) e as duas órfãs (1841), de Joaquim Norberto. Todas essas obras e datas são deixadas de lado na escolha do marco inicial do romance brasileiro , fixado pelos historiadores entre os anos de 1843 e 1844. Dois romances disputam a primazia : O filho do pescador (1843), Teixeira de Souza , e "A Moreninha" (1844) , de Joaquim  Manuel de Macedo . A crítica tenda a considerar o de Macedo como o primeiro romance brasileiro , por sua qualidade estética superior e por seu grande sucesso entre os contemporâneos.  Se considerarmos deficiências do meio cultural , a inexistência de precursores e o início tão tardio - meados do século - , não podemos negar que a literatura romântica avançou a passos largos na criação de uma tradição ficcional brasileira.  Já nas décadas de 1850 e 1860 , verifica-se o florescimento da prosa de ficção , que se torna uma verdadeira mania , visto o afã com que eram acompanhados os romances de folhetim. Autores como Teixeira e Sousa, Joaquim Manuel de Macedo , Manuel Antônio de Almeira , Bernardo Guimarães e, principalmente , José de Alencar povoaram a imaginação e os sonhos dos brasileiros , sobretudo dos jovens da corte , exercendo uma função semelhante à das atuais novelas de televisão. Quanto aos temas , além de indefectíveis histórias de amor, os pensadores românticos , engajados desde o princípio no projeto de criar uma literatura nacional, procuraram cobrir diversos aspectos da vida brasileira , idealizando-os quase sempre : a vida da corte , os ambientes típicos regionais , o índio , o escravo , a natureza tropical...

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