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quarta-feira, 30 de maio de 2018

A Evolução E A Aids


A análise do ácido nucleico do HIV indica a semelhança desse vírus com
os do grupo SIV (Simian Immunodeficiency Virus) , encontrados em
chimpanzés , o que indica que o HIV pode ter sido adquirido quando
alguns seres humanos foram mordidos ou arranhados ao caçar macacos
infectados. A partir dos anos 1970 , o vírus espalhou-se pelo mundo
por meio de relações sexuais , do uso de drogas injetáveis  e de
transfusões sanguíneas. À medida que se espalhava , seu código
genético sofria mutações , e novas variedades se originavam. Como o
HIV não possui as enzimas que corrigem erros de mutação, sua taxa de
mutação é cerca de 1 milhão de vezes maior que a dos organismos em
geral. As mutações produzem , assim, uma série imensa de novos vírus
mutantes. Essas novas variedades aparecem, até mesmo, em um indivíduo
, na mesma infecção.  A análise do gene do vírus responsável pela
síntese da transcriptase reversa demonstrou que esse gene mudou ao
longo do tempo e tornou-se diferente daquele encontrado no início do
tratamento em um mesmo indivíduo. Ao longo de uma infecção , em um
mesmo paciente , são formados milhares de gerações de HIV e centenas
de enzimas ligeiramente diferentes. Algumas dessas mutações produziram
novas enzimas com menor afinidade pelo AZT, um antiviral. Com isso,
essas novas variedades podem se replicar mesmo em presença do
medicamento , que deixa de ter efeito.  Os vírus com enzimas com
afinidade pelo AZT deixam de se replicar. Com o tempo foram
descobertos outros medicamentos que agem de forma diferente do AZT ,
como os inibidores de protease (enzima que o vírus usa para "quebrar"
proteínas em unidades de um vírus se tornar resistente ao tratamento
diminui muito quando é usada uma combinação de drogas que incluem
esses dois tipos de inibidores . Isso também diminui a taxa de vírus
no organismo , o que provoca impressionante melhora na saúde e na
qualidade de vida dos pacientes . Os parasitas mais agressivos
costumam ser aqueles que se reproduzem mais rapidamente. Quanto maior
a velocidade de reprodução de um parasita , maior chance de o
hospedeiro ficar doente e morrer.  Como a seleção natural poderia
beneficiar um parasita que provoca a morte rápida de um hospedeiro ?
Em certas situações , mesmo que o hospedeiro morra rapidamente , o
parasita já espalhou um número grande de descendentes na população dos
hospedeiros. No caso de parasitas transmitidos por relação sexual , a
transmissão é tanto mais rápida quanto mais frequentes são as relações
com parceiros diferentes. Nesse caso, parasitas muito agressivos , por
exemplo, podem ser favorecidos pela seleção natural se forem capazes
de passar rapidamente de um hospedeiro para outro. A situação oposta
ocorre quando as trocas de parceiros são menos frequentes ou quando se
adotam medidas preventivas , como o uso de camisinha nas relações
sexuais , o controle do sangue e o uso de seringas descartáveis. Nesse
caso, as variedades de vírus menos agressivas , que demoram mais a
provocar danos à saúde , são favoráveis pela seleção natural, pois
elas sobrevivem mais tempo no hospedeiro até que haja uma falha em
alguma das medidas preventivas (uma relação sexual sem camisinha , por
exemplo). Assim, com medidas de prevenção, podemos influir na evolução
do vírus da AIDS e favorecer as variedades menos agressivas.


Fontes de Consulta : Ewald, P.W. Te Evolution of Virulence. Scientific
American, 268 (4) : 56-62, Apr. 1993.

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