A análise do ácido
nucleico do HIV indica a semelhança desse vírus com
os do grupo SIV (Simian Immunodeficiency Virus)
, encontrados em
chimpanzés , o que indica que o HIV pode ter
sido adquirido quando
alguns seres humanos foram mordidos ou
arranhados ao caçar macacos
infectados. A partir dos anos 1970 , o vírus
espalhou-se pelo mundo
por meio de relações sexuais , do uso de drogas
injetáveis e de
transfusões sanguíneas. À medida que se
espalhava , seu código
genético sofria mutações , e novas variedades se
originavam. Como o
HIV não possui as enzimas que corrigem erros de
mutação, sua taxa de
mutação é cerca de 1 milhão de vezes maior que a
dos organismos em
geral. As mutações produzem , assim, uma série
imensa de novos vírus
mutantes. Essas novas variedades aparecem, até
mesmo, em um indivíduo
, na mesma infecção. A análise do gene do
vírus responsável pela
síntese da transcriptase reversa demonstrou que
esse gene mudou ao
longo do tempo e tornou-se diferente daquele
encontrado no início do
tratamento em um mesmo indivíduo. Ao longo de
uma infecção , em um
mesmo paciente , são formados milhares de
gerações de HIV e centenas
de enzimas ligeiramente diferentes. Algumas
dessas mutações produziram
novas enzimas com menor afinidade pelo AZT, um
antiviral. Com isso,
essas novas variedades podem se replicar mesmo
em presença do
medicamento , que deixa de ter efeito. Os
vírus com enzimas com
afinidade pelo AZT deixam de se replicar. Com o
tempo foram
descobertos outros medicamentos que agem de
forma diferente do AZT ,
como os inibidores de protease (enzima que o
vírus usa para "quebrar"
proteínas em unidades de um vírus se tornar
resistente ao tratamento
diminui muito quando é usada uma combinação de
drogas que incluem
esses dois tipos de inibidores . Isso também
diminui a taxa de vírus
no organismo , o que provoca impressionante
melhora na saúde e na
qualidade de vida dos pacientes . Os parasitas
mais agressivos
costumam ser aqueles que se reproduzem mais
rapidamente. Quanto maior
a velocidade de reprodução de um parasita ,
maior chance de o
hospedeiro ficar doente e morrer. Como a
seleção natural poderia
beneficiar um parasita que provoca a morte rápida
de um hospedeiro ?
Em certas situações , mesmo que o hospedeiro
morra rapidamente , o
parasita já espalhou um número grande de
descendentes na população dos
hospedeiros. No caso de parasitas transmitidos
por relação sexual , a
transmissão é tanto mais rápida quanto mais
frequentes são as relações
com parceiros diferentes. Nesse caso, parasitas
muito agressivos , por
exemplo, podem ser favorecidos pela seleção
natural se forem capazes
de passar rapidamente de um hospedeiro para
outro. A situação oposta
ocorre quando as trocas de parceiros são menos
frequentes ou quando se
adotam medidas preventivas , como o uso de
camisinha nas relações
sexuais , o controle do sangue e o uso de
seringas descartáveis. Nesse
caso, as variedades de vírus menos agressivas ,
que demoram mais a
provocar danos à saúde , são favoráveis pela
seleção natural, pois
elas sobrevivem mais tempo no hospedeiro até que
haja uma falha em
alguma das medidas preventivas (uma relação
sexual sem camisinha , por
exemplo). Assim, com medidas de prevenção,
podemos influir na evolução
do vírus da AIDS e favorecer as variedades menos
agressivas.
Fontes de Consulta : Ewald, P.W. Te Evolution of
Virulence. Scientific
American, 268 (4) : 56-62, Apr. 1993.