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terça-feira, 22 de maio de 2018

Crescimento Vegetativo E Transição Demográfica



      A Sociedade brasileira vem passando por grande mudança na taxa de fecundidade (número médio de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil), o que gera reflexos diretos no crescimento populacional. Segundo projeções feitas em 2009 , a taxa de fecundidade será inferior a 2,1 em 2010 , índice considerado pela ONU como nível de reposição da população. A redução do número de filhos por mulher foi consequência de uma série de fatores , destacando-se a urbanização , a melhoria nos índices de educação, maior acesso ao planejamento familiar , maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho e mudança nos valores culturais. Entre 1950 e 1980 , a população brasileira cresceu em média 2,8% ao ano , índice que projetava sua duplicação a cada 25 anos. Em 2008 , o crescimento populacional tinha caído para 1,0% ao ano, com a população tendendo a dobrar a cada 64 anos. Paralelamente a essa acentuada redução da natalidade vem aumentando a esperança da vida ao nascer . O Brasil , portanto, está passando por uma transição demográfica que se acelerou bastante a partir do início da década de 1980. Como podemos observar , vem se reduzindo a participação da população jovem e aumentando a de adultos  e idosos no conjunto total da população , o que é fruto da redução de fecundidade e do aumento da esperança de vida. Essas alterações na composição etária da população mostram que o Brasil ingressou no período de passagem da chamada "Janela Demográfica", que acontece quando diminui a razão da dependência, ou seja, há redução do peso das crianças de 0 a 14 anos e dos idosos com 65 anos ou mais sobre a população de 15 a 64 anos de idade , que é o intervalo de idades que concentra a PEA. Como sabemos, em 2010, estimava-se que cerca de 33% da população era composta por jovens e idosos e 67% estavam na faixa de 15 a 64 anos; em outras palavras , nesse ano 2/3 da população estava em idade economicamente ativa e somente 1/3 em idade que concentra a PEA. Observe , ainda , que o percentual de população em idade ativa deve aumentar até 2025 e , a partir de então, começar a diminuir. O crescimento vegetativo , ou natural, corresponde à diferença entre  as taxas de natalidade e de mortalidade.  O aumento dos óbitos está associado ao crescimento e ao envelhecimento populacional, ou seja, à medida que aumenta o número absoluto da população e a participação percentual  de idosos no conjunto total dela, há uma elevação no número de óbitos.    Em termos percentuais , a taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar equivalente ao encontrado nos países desenvolvidos , próximo a 6% , ou seja, sei habitantes morrem a cada grupo de mil, tendendo a se estabilizar por algumas décadas e , posteriormente, crescer , chegando a 8 ou 9%. Perceba , também que, segundo as projeções , a partir de 2038 a população brasileira deverá parar de crescer e , então, sofrer redução, porque o número de óbitos tenderá ser maior que o de nascimentos Essas mudanças no comportamento demográfico permitem que os governos -federal, estadual e municipal - estabeleçam planos de investimentos em educação e saúde muito mais favoráveis do que na década de 1970 , quando o ritmo de crescimento da população beirava os 3% ao ano. O investimento hoje pode priorizar a melhoria da qualidade do serviço prestado e não mais a expansão da rede , como antes,  quando era necessário construir cada vez mais novas escolas e hospitais. Devido a essa pressão demográfica , a necessidade de aumento do número de vagas nas escolas e de leitos hospitalares , por exemplo, foi acompanhada de grande deterioração nessas áreas . Os investimentos públicos e as políticas sociais do período não garantiram a qualidade dos serviços prestados. Nessa época, 52% da população tinham menos de 20 anos e o discurso oficial sobre o controle da natalidade chamava a atenção para as consequências negativas de uma explosão demográfica , que poderia comprometer a possibilidade de melhoria das condições de vida da população. A redução do número de jovens na população total favorece a criação de oportunidades no sistema público e educação e no mercado de trabalho , para quem está iniciando a vida profissional. Na política educacional, a redução relativa da população em idade escolar permite aumento nos recursos destinados à melhoria da qualidade do ensino. Para que isso ocorra é , necessário que se mantenha o mesmo nível  percentual de investimento do PIB no setor e que esses sejam realizados com responsabilidade. Desde 1988, a Constituição obriga os governos a vincularem parte da arrecadação de impostos à educação se algum governante reduzir esses recursos e a sociedade permitir que isso ocorra, o sistema educacional continuará deficiente e a população de baixa renda continuará enfrentando sérias dificuldades de ascensão socioeconômica. O crescimento da população com idade acima de 60 anos exige maiores investimentos no sistema de saúde, pois os idosos requerem mais cuidados médicos , tanto na medicina preventiva , como na curativa. Além disso, o aumento percentual de idosos em relação à PEA tem provocado desequilíbrios no sistema público de previdência  social, já que diminui, proporcionalmente , o número de trabalhadores na ativa que deve garantir a arrecadação previdenciária repassada para as aposentadorias.

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