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sábado, 26 de maio de 2018

Biomassa



        Biomassa é qualquer tipo de matéria orgânica não fóssil, vegetal ou animal, que possibilite obtenção de energia. Entre os produtos mais utilizados destacam-se o álcool obtido da cana-de-açúcar , da beterraba , do milho e da madeira ; lixo orgânico (cuja decomposição nos aterros produz biogás), a lenha , o carvão vegetal e os diversos tipos de óleos vegetais que podem ser transformados em biodiesel (soja , dendê , mamona , algodão e trigo , entre outros).  A utilização de biomassa como fonte de energia é muito antiga , remonta ao tempo em que o ser humano controlou o fogo e começou a queimar lenha para se aquecer e cozinhar os alimentos. Atualmente , vem aumentando bastante seu consumo por causa da instabilidade no preço do petróleo e  por , em geral, apresentar uma queima bem menos poluente que a dos combustíveis fósseis. Hoje em dia ela é considerada uma das principais alternativas na busca por maior diversificação na matriz energética visando reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, porque possibilita a obtenção de energia elétrica e de biocombustíveis. O álcool e o biodiesel , cuja queima em substituição aos derivados de petróleo reduz 40 a 60% a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Além disso , por serem isentos de enxofre em sua composição não causam chuva ácida. Desde 2005, quando entrou em vigor o Protocolo de Quioto , muitos países aceleraram a busca por fontes de energias renováveis e menos poluentes , cujo consumo está em expansão em escala mundial.   A produção de biocombustíveis vem apresentando grande possibilidade de crescimento econômico e geração de empregos na agricultura e nas usinas , com efeitos multiplicador nos demais setores que integram sua cadeia produtiva (máquinas , equipamentos , fertilizantes , setores de serviços , comércio e transporte). A expansão da produção e do consumo dos biocombustíveis depende muito do preço do barril de petróleo que, como vimos, sofre grandes oscilações em função da ocorrência de guerras e crises econômicas. Quando aumenta o preço do barril de petróleo há tendência de busca de fontes mais baratas e os biocombustíveis ganham competitividade ; ao contrário, nas épocas em que cai o preço do barril de petróleo os biocombustíveis perdem mercado. Porém , independentemente das oscilações no preço do petróleo , o setor de biocombustíveis e toda sua cadeia produtiva têm recebido incentivo governamental em alguns países , como Estados Unidos , Brasil , Alemanha e França . Embora sua produção e consumo sejam mais caros que a utilização de óleo diesel e gasolina - no Brasil , o álcool  é competitivo quando o barril de petróleo ultrapassa a marca de U$$ 40 por barril. Isso ocorre graças às vantagens que oferece em termos sociais , estratégicos e ambientais , como, por exemplo , a geração de empregos , a segurança energética , a redução na emissão de poluentes e o declínio no volume das importações , o que melhora o resultado da balança comercial. Dessa forma , embora seja impossível prever com precisão o que acontecerá com os níveis de reserva e os preços do petróleo no mercado mundial, os biocombustíveis tendem a ser cada vez mais utilizados em substituição à queima de combustíveis fósseis por sua maior sustentabilidade ambiental e socioeconômica. Muitos países possuem legislação que obriga a  mistura de álcool e biodiesel na gasolina e óleo diesel (derivados de petróleo). Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, UNEP Yearbook 2008) , na Europa , até 2020 , 10 % dos combustíveis usados no setor de transportes deverão ter origem agrícola , percentual que já é adotado na Colômbia , Venezuela e Tailândia. Na China , é obrigatória a mistura de 10% nas cinco províncias com maior volume de transporte de carga e pessoas . O Brasil , em 2009, misturava 25% de álcool à gasolina , 5% de biodiesel ao diesel de petróleo e era o único país do mundo com carros "flex" , movidos a álcool ou gasolina , ou com mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção. Essas exigências provocaram redução nos índices de poluição atmosférica , sobretudo nos centros urbanos , entretanto , geraram uma grande demanda por matéria-prima agrícola. O aumento no consumo de óleo e palma no Sudeste Asiático provocou desmatamento na região e a alta no preço de alguns cereais , principalmente o milho , é atribuída ao aumento de sua utilização para a produção de etanol.  Como o milho é utilizado como ração na criação de gado e aves e constitui matéria-prima para produção de vários tipos de alimento industrializados , há grande receio de aumento de preços nos alimentos , principalmente carne bovina , suína e de aves , leite e seus derivados , ovos , farinha - matéria-prima de pão, macarrão, bolachas etc. -e outros.  Em 2007, um consórcio de 20 agências da Organização das Nações Unidas (UN-Energy) divulgou um relatório apontando algumas preocupações sobre o aumento no consumo de biocombustíveis em escala mundial : a sua produção poderá comprometer  disponibilidade de alimentos , elevar seus preços e , consequentemente , agravar a subnutrição e a fome pelo mundo? Haverá maior degradação dos biomas em consequência da expansão da área cultivada? O que acontecerá com os pequenos produtores agrícolas? Caso a produção de biocombustíveis seja planejada para contemplar o desenvolvimento sustentável , poderá ser algo muito positivo . Para isso, deve-se pensar nos benefícios que resultam da redução na emissão de gás carbônico, mas também , na preservação dos biomas e na geração de empregos e renda , enfim na sua sustentabilidade ambiental e socioeconômica.


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