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terça-feira, 22 de maio de 2018

O Intestino Delgado


        A primeira porção do intestino delgado é o duodeno. Quando o quimo chega a ele, ainda está muito ácido . A acidez do quimo irrita a mucosa duodenal, onde alguns grupos de células segregam imediatamente dois hormônios - a secretina e a colecistocinina. Ambos os hormônios são lançados na circulação sanguíneo. A secretina vai estimular o pâncreas a produzir o suco pancreático e , principalmente , a vertê-lo para o duodeno. Já a colecistocinina vai atuar sobre a vesícula biliar (depósito de bile , proveniente do fígado) , lavando-o a se contrair , "bombardeando" a bile , através do canal colédoco , a fim de descarregá-la também no duodeno. O canal excretor do pâncreas (canal de Wirsung) , trazendo o suco pancreático , e o canal colédoco , trazendo a bile , desembocam juntos , no duodeno, por um mesmo orifício  - a ampola de Váter. O suco pancreático é rico em íons bicarbonato , o que permite a neutralização da acidez do quimo, enquanto a bile é altamente alcalina. Assim, em pouco tempo, o conteúdo do duodeno vai-se tornando alcalino, condição necessária para ocorrer a digestão intra-intestinal.  O fato de o pH se manter ácido no duodeno por muito tempo provoca um espasmo do esfíncter pilórico , impedindo que mais quantidade de quimo passe do estômago para ele. Mas , quando o interior duodenal se torna alcalino, os esfíncter pilórico relaxa , e novamente o estômago projeta outra golfada de quimo no duodeno. Isso se repete algumas vezes . Mas , desde o início da passagem do bolo alimentar do estômago para o duodeno , já ocorre , pela presença dele sobre a mucosa duodenal, o estímulo suficiente para que algumas células dessa mucosa produzam um hormônio chamado enterogastrona, que , através da circulação sanguínea , vai atuar sobre o estômago , inibindo a produção de gastrina e, assim, indiretamente , levando à parada da produção dos suco gástrico. A bile não contém nenhuma enzima. Mas tem importantes papéis. Primeiro , contribui para a alcalinização da massa alimentar proveniente do estômago, dando condição  para a atividade das enzimas pancreáticas e intestinais. Em segundo lugar, através dos sais biliares que possui, a bile emulsiona os lipídios , isto é , "fragmenta"  gotas de óleos e gorduras em gotículas quase microscópicas , que serão mais facilmente atacadas pela lipase pancreática (inicialmente) e pela lipase entérica (depois). O duodeno mede uns 25 cm , mais ou menos. Logo a seguir , ele prossegue com o restante do intestino delgado.  Ocorre , porém, que o intestino delgado é longo , medindo cerca de 6 m no indivíduo adulto da espécie humana. Por outro lado ,  uma parte dele mantém-se frequentemente vazia . Por isso, foi denominada jejuno. O trânsito do bolo alimentar é rápido no jejuno. O restante do intestino delgado recebe o nome de íleo . Como não existe um limite anatômico preciso entre essas duas partes, convencionou-se chamar indistintamente à grande extensão do intestino delgado de jejunoíleo. Durante o trajeto do material alimentar pelo jejunoíleo, as enzimas do suco pancreático  e do suco entérico vão atuar. O suco pancreático é o humor digestivo mais rico em enzimas. Possui enzimas proteolíticas (que fazem a digestão de proteínas), glicolíticas fazem a hidrólise de glicídios ou carboidratos)  e lipolíticas ( hidrolisam os lipídios). No seu componente proteolítica , o suco pancreático encerra o tripsinogênio e o quimio-tripsinogênio. Só no interior do intestino é que tais zimogênios se converterão em enzimas ativas. Isso , aliás, é muito importante para que não ocorra a ação digestiva da tripsina e da quimotripsina sobre as proteínas celulares do próprio pâncreas. No canal intestinal, o tripsinogênio, em presença do enteroquínase (enzima produzida no intestino), desprende um hexapeptídeo e se converte em tripsina ativa. Daí por diante , a tripsina passa a fazer a sua autocatálise, ou seja, ela mesma estimula novas moléculas de tripsinogênio a passarem a tripsina.  Além disso, a própria tripsina catalisa a passagem do quimio-tripsinogênio a quimiotripsina ativa , pela perda de dois dipeptídeos (Arg-Ser) e (Tre-Asp) do quimotripsinogênio. Depois que a tripsina e a quimotripsina promovem a hidrolise das peptonas e proteoses provenientes das proteínas integrais digeridas no estômago , transformando-as em polipeptídeos , outras enzimas pancreáticas e entéricas vão atuar sobre estes produtos. No suco entérico, segredado por células do jejunoíleo , encontram-se a erepsina , as aminopeptidases e as dipeptidases, que desdobram os polipeptídeos em aminoácidos isolados. Por sinal, há uma carboxipeptidase no suco pancreático que também participa dessa etapa final da hidrólise das proteínas. Assim, termina a digestão das proteínas. Só resta , agora , a absorção dos aminoácidos pela mucosa intestinal. Com relação aos carboidratos , a sua digestão é mais intensa no intestino sob a ação da amilase pancreática , produzida pelo pâncreas. Ela decompõe o amido restante (aliás , a maior parte) que não foi digerido pela ptialina , na boca , em moléculas de maltose. Com efeito, a passagem do alimento pela boca é muito rápida, não permitindo que haja a hidrólise senão de uma pequena parte do amido. Além disso, os carboidratos , como a sacarose (açúcar comum) , a lactose (açúcar do leite) e a maltose (proveniente da hidrólise do amido) , serão compostos em monossacarídeos  (principalmente glicose) pela ação da sucrase ou invertase , da lactase e da maltase , respectivamente , todas elas integrantes do suco entérico. Está encerrada a digestão dos glicídios.  Por outro lado, as gorduras e os óleos já foram emulsionados pela bile. Isso facilita a hidrólise desses lipídios pela lipase pancreática e pela lipase entérica (esta última , produzida pelo intestino delgado), resultando como produtos sinais moniglicerídeos , ácidos graxos e glicerol. Observe que os lipídios comuns são triglicerídeos . E, durante a digestão , nem todos eles se decompõem totalmente em ácidos graxos e glicerol. Alguns são desmembrados apenas em onoglicerídeos e ácidos graxos.  Por sua vez , os ácidos nucleicos (DNA e RNA) provenientes dos alimentos são hidrolisados, desmembrando-se em nucleotídeos pela ação de nucleases pancreáticas e intestinais. Bem, agora que já houve a absorção dos nutrientes ao longo do intestino delgado (jejunoíleo), o que sobra do bolo alimentar é uma pasta escura , grossa , rica em detritos não assimiláveis e em bactérias. Esse conteúdo denominado quilo, já altamente fermentado e começando a sofrer alguma putrefação , passa ao intestino grosso, onde grande parte da água nele contida será absorvida.

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