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segunda-feira, 17 de junho de 2019

O Fim do Trabalho Em Família

Recentemente , em 1997, William Bridges, consultor norte-americano que apregoava o fim do emprego e o predomínio do trabalho autônomo, afirmou " não haver mais espaço para todas as pessoas no mercado de trabalho". Para ele o trabalho autônomo já estaria substituindo o emprego. Tais mudanças equivaleriam " [...] às mudanças ocorridas durante a Revolução Industrial do século XIX, na Inglaterra, quando os habitantes da zona rural tiveram de se mudar para a cidade e trabalhar em fábricas. Eram pessoas que só conheciam o trabalho em família, com suas características próprias. Precisaram se submeter a um patrão, a longas e desumanas horas de trabalho, a receber salário e tudo o que mais se relaciona ao emprego. Eles sofreram, sem dúvida alguma" 

- Carla Aranha Schtruck , Folha de São Paulo . 10 mar. 1996.

As corporações de artesãos do século XVIII também pressentiram os perigos da industrialização. Para elas, era pecado e um crime fazer concorrência aos colegas por meio do aumento de produtividade e tentar conduzi-los a todo custo à ruína. Os métodos de produção eram por isso rigidamente fixados, ninguém podia modificá-los sem seu consentimento. O  que impedia o desenvolvimento tecnológico era menos a incapacidade técnica do que essa rígida organização social dos artesãos. Estes não produziam para um mercado no sentido atual, mas para o mercado regional limitado, livre de concorrência. Essa ordem de produção durou mais tempo do que geralmente se supõe. Em grande parte da Alemanha, a introdução de máquinas foi proibida pela polícia até meados do século XVIII. A Inglaterra foi a primeira a derrubar tal proibição. O caminho, assim, ficou livre para as invenções técnicas, como o tear mecânico e a máquina a vapor, os dois motores da industrialização. Mas essas máquinas, fantásticas para alguns e fantasmagóricas para outros, custavam muito caro. O artesão da produção doméstica não dispunha de capital. Então , quem o possuía ? A burguesia mercantil, que raramente se interessava pela produção, pois no mercantilismo os lucros se concentravam na circulação, na compra e venda de mercadorias, e não na produção. Com a possibilidade de produzir em alta escala e de ampliar os lucros, a burguesia foi lentamente assumindo o controle da produção, com a aquisição das novas máquinas. O sistema artesanal cedeu lugar a um sistema fabril em que o antigo artesão se tornou um vendedor de sua força de trabalho ao proprietário dos meios de produção, as máquinas. Pior, os inventos, muitos dos quais simples modificações de instrumentos já existentes, tornaram a produção suficientemente simples para que crianças pudessem realizá-las.

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