Ao morrer , em 1642, Richelieu havia estabelecido práticas políticas que marcariam a trajetória do absolutismo francês. Luís XIV (1643-1715) deu continuidade à sua obra. Seu reinado representou o ápice de um processo de crescente autoridade monárquica. Sem consultar os Estados Gerais, buscou a reafirmação do absolutismo. O teórico do Estado moderno Jacques Bossuet , defensor da teoria do direito divino do monarca , afirmou a respeito de Luís XIV : "Todo o Estado está nele". Para promover a imagem do rei , Luís e seus assessores estabeleceram rituais detalhadamente elaborados - um teatro , como ele próprio definia . Segundo Peter Burke , Luís XIV era por vezes descrito "como vivendo a totalidade de sua vida em público". Qualquer gesto seu era sempre observado por alguém , no mínimo por seus camareiros. Luís estava em todo parte. Seus funcionários o "representavam" , no sentido mais teatral do termo; as moedas traziam sua imagem e por vezes seu nome ; seus retratos , em poses milimetricamente estudadas, eram tratados como substitutos do rei e, nas províncias , "presidiam" festividades. A pintura de Riguad , colocada na sala do trono em Versalhes , substituía o monarca em sua ausência. Dar as costas a ele era considerado tão desrespeitoso quanto dar as costas ao próprio monarca. Luís XIV não concedeu a nenhum ministro o poder que seu pai dera a Richelieu. Aos aristocratas ofertava pensões, festas , desfiles , exposições e banquetes , enquanto lhes diminuía a influência política. Nas finanças , utilizou os serviços de Jean-Baptiste Colbert , administrador brilhante , que melhorou os métodos de coleta de impostos , promoveu novas manufaturas e estimulou o comércio internacional , vendendo ao mundo o luxo francês. Era o colbertismo, modelo mercantilista francês , em curso. Luís XIV baseava seu absolutismo na cumplicidade na nobreza e da Igreja, nas rendas arrancadas aos camponeses , que não tinham condições de se rebelar contra seu poderoso exército , e no poder de sua enorme máquina burocrática. Um modelo de Estado que suprimiu as oposições políticas e cultivou as artes e as ciências como meios de aumentar o poderio e o prestígios nacionais. Ao morrer , ele afirmou : "Vou partir , mas o Estado permanecerá depois de mim".
