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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Santo Agostinho E A Alimentação



         Enquanto o Império Romano desmoronava diante dos bárbaros, Santo Agostinho , um convertido à fé cristã, condenando entre outras a gula, um dos pecados capitais segundo o cristianismo , escrevia:

"Sustento uma guerra cotidiana com jejuns , reduzindo o corpo à escravidão . Ma depois disto vem o prazer para afastar as minhas dores. Efetivamente, se o remédio dos alimentos não nos socorrer , a fome e a sede tornam-se tormentos que abrasam e matam como a febre. Ora, estando este remédio sempre ao nosso alcance , graças à liberalidade dos vossos dons, que faz com que a terra, a água e o céu sirvam à nossa enfermidade, chamamos delícias a tal desgraça. Ensinastes-me a tomar os alimentos , só como remédio. [...]  Sendo a saúde o motivo do comer e beber , o prazer junta-se a esta necessidade , como um companheiro perigoso. Ordinariamente procura ir adiante, para que se faça  por ele o  que, segundo vou dizendo , faço ou quero fazer por causa da saúde. Ora , o limite não é o mesmo para ambos s casos, pois o que basta à saúde é insuficiente para o prazer. Muitas vezes não se vê bem ao certo   se é o cuidado necessário do corpo que pede esse esforço do alimento ; ou se é a voluptuosa e enganadora sensualidade que exige ser servida. [...] Esforço-me todos os dias por resistir a estas tentações , invocando , em meu auxílio , a vossa destra , e submetendo-Vos [a deus] as minhas incertezas , porque matéria ainda não está firme o meu parecer. [...] Arrancai-me de toda tentação. Não receio a impureza do alimento, mas temo a imundície do prazer."

Santo Agostinho, Confissões, São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 288. Col. Os pensadores.

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