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sábado, 15 de junho de 2019

Comentário Sobre Dissertar e Narrar; Assumindo Um Ponto de Vista


Note que um texto lido se inicia com uma estratégia bastante eficiente e interessante: uso de verbos no modo imperativo. Ao escrever "Não leia. Pare. Olhe.", o autor insere o leitor no texto, transformando testemunho da cena a partir da qual o texto se organiza. Mais do que isso: em "Suponha. Imagine." , o leitor participa da construção da cena hipotética, ocupando, assim, uma posição de coautor.
Dessa forma , o autor seduz o leitor para a discussão  de um tema complexo e polêmico.
 A estratégia de usar verbos no modo imperativo, típica dos textos publicitários, é um procedimento persuasivo que atrai o interlocutor, conquista sua adesão, pois o faz sentir-se dentro da situação apresentada pelo emissor. Além disso, o autor utilizou uma situação narrativa de caráter claramente hipotético  para iniciar sua dissertação. Essa situação serviu como fato exemplo para introduzir, de forma concreta e significativa, um ponto de vista que foi sendo construído progressivamente, por meio de outros argumentos. Um deles, é a utilização de períodos interrogativos, inserindo o leitor no contexto de debate da dissertação. O autor diversifica os modos de responder e dessa forma torna  cada vez mais didática e direcionada a sua tese, o seu ponto de vista, que é sintetizado na última frase .  A partir dessa constatação, o texto progride de modo bastante interessante: ele retoma a situação narrativa inicial, com os seus observadores, os pontos de vista de ambos, as interrogações sobre a validade desses pontos de vista e as respostas, que no último parágrafo se convertem em conclusões. O que muda é o agente da ação: em vez do carro em alta velocidade, temos um jovem envolvido com o tráfico e a criminalidade. Ou seja: a ênfase, que estava no objeto, recai sobre o sujeito que pratica a ação. A defesa desse sujeito, a ideia de que ele não pode ser reduzido ao crime que cometeu, constitui o ponto de vista central desenvolvido no texto, por meio da utilização, no contexto argumentativo da dissertação, de uma situação narrativa. 

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