Na noite de 13 de dezembro de 1968, menos de 24 horas após a corajosa sessão parlamentar , foi anunciado à nação o Ato Institucional n° 5 (AI-5) e um novo Ato Suplementar que fechava o Congresso indefinidamente. Pelo AI-5 , cuja vigência só expirados por decretos do Executivo - o que só viria a ocorrer dez anos depois - ficavam suspensos todos os direitos civis e constitucionais . Nesse período, qualquer cidadão brasileiro poderia ser preso e perder seus direitos políticos por ordem do Poder Executivo. Todos os veículos de comunicação passaram à vigilância militar, que operar a censura prévia de qualquer matéria de teor oposicionista oposicionista ou que desse publicidade a manifestações de contestação ao regime. O poder judiciário passou, por uma série de mecanismos , à órbita do Executivo. Ocorreram centenas de prisões, cassações políticas e expurgos no serviços público, além de aposentadorias compulsórias nas universidades. Foram suprimidas as garantias básicas do Estado de defeito, como o mandato de segurança para prisões e buscas e o habeas corpus para crimes políticos. Nos meses seguintes, novos atos institucionais procuraram "legalizar" a atribuição de poderes discricionários ao Executivo. O AI-5 marcava o início de uma nova fase da República Militar. Consolidavam-se a institucionalização da ditadura e o Estado de Segurança Nacional - o primeiro de muitos a se estabelecerem na América Latina- , que identificava, como seus inimigos internos, de treinados setores da sociedade tidos como agentes do comunismo internacional. Disseminada pelos Estados Unidos, logo após a Segunda Guerra, e desenvolvida no Brasil pela Escola Superior de Guerra (ESG) , a partir de 1949, a ideologia de segurança Nacional tornara-Se peça-chave da propaganda e das ações militares ocidentais contra " o expansionismo vermelho" . A formação de lideranças civis e militares tinha como pressuposto a incapacidade governamental das elites civis e, consequentemente, prévia a atribuição aos militares da missão de salvar o país da infiltração comunista. Ampliando o conceito de Guerra para o cotidiano da política e submetendo-se esta última aos desígnios geopolíticos do Brasil- país ocidental, capitalista, cristão - , obtinha-se uma perigosa identificação entre a nação e o Estado , tido como sia representação política. Assim, as discordâncias oposicionistas eram identificadas como crimes contra o Estado, cujos objetivos visavam desestabilizar o regime e subjugar a soberania nacional. A espessa e negra cortina autoritária cobrirá o Brasil por mais de uma década.