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domingo, 25 de março de 2018

As Transformações do Centro Sul


  A transferência da Corte para o Rio de Janeiro trouxe um significativo número das funções políticas e administrativas. Desde 1763, a cidade era a capital do Vice-reino do Brasil , unido aos domínios do Norte (Estado do Grão-Pará e Maranhão) apenas em 1774. Logo, a primeira questão a ser resolvida era o abastecimento da cidade, que recebera, de uma só vez , mais de 15 mil novos habitantes, sem contar os mercadores ingleses e colonos de Angola e Moçambique que não pararam de desembarcar em seu porto desde 1808. Entre 1799 e 1821 a população urbana local passou de 43 mil para 79 mil habitantes. A solução encontrada foi a construção de estradas que permitissem o transporte de gêneros alimentícios produzidos em Minas Gerais e São Paulo. Com o declínio da mineração, a capitania de Minas passou de região consumidora de produtos de primeira necessidade a érea produtora de alimentos e criadora de gado. São Paulo, que já havia muito se desenvolvia nesse sentido, era rota das mercadorias vindas da região Sul do Brasil, principalmente o gado. Essas regiões articulavam-se economicamente em torno da capital brasileira. Essa foi uma transformação importante, porque até o final do século XVIII, apesar do comércio intercolonial, não havia um pólo econômico no interior dos domínios portugueses na América  com força suficiente para articular as regiões Sul e Centro-Sul de forma duradoura. Na verdade, não existia no Brasil, e sim uma série de domínios portugueses que estabeleciam entre si um comércio mais ou menos circunstancial. Regiões dispersas, afastadas por longas distâncias, com realidades econômicas e sociais díspares, tal era a herança colonial. Tanto que as revoltas de Minas e da Bahia não propunham a independência das demais capitanias. Não havia, ainda, um projeto de unidade política para o Brasil. Ao mesmo tempo que se processava  tal articulação econômica, realizavam-se casamentos entre membros da corte e filhos das principais famílias brasileiras.  Funcionários reais e representantes da nobreza recebiam terras na região do Vale do Paraíba, entre São Paulo e Rio de Janeiro, e realizavam-se grandes investimentos públicos:  Jardim Botânico, Biblioteca Real , Imprensa Régia, Academia da Marinha , Academia Militar , Academias de Belas-Artes e de Ofícios , Observatório Astronômico , Casa da Moeda , Banco do Brasil. À medida que se estabeleciam os interesses dos membros do governo na América , os representantes da aristocracia colonial do Centro-Sul contentavam-se. Em pouco , pela afinidade econômica e social, surgiu uma elite dirigente , composta por comerciantes, proprietários rurais , traficantes de escravos e funcionários da Coroa. Essa elite aglutinava-se em torno da administração central e do abastecimento da Corte e da monarquia. No entanto, nas províncias do Norte e do Nordeste , a presença da monarquia em terras brasileiras não estava sendo tão lucrativa. Os cargos administrativos  mais  cobiçados eram ocupados por nobres portugueses recém-chegados da Europa e altos impostos continuavam a recair sobre as atividades coloniais. O descontentamento logo se faria sentir.

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