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sexta-feira, 23 de março de 2018

A Metrópole E A Colônia no Século XVIII



 Como se viu, após a conquista da América, no século XVI , a Espanha estabeleceu um aparelho administrativo para garantir a eficácia de sua política mercantilista e resguardar seu direito exclusivo sobre a exploração das riquezas nas terras conquistadas. Concomitantemente, nas colônias , uma sociedade aristocrática se formava , sendo os espanhóis e seus descendentes detentores de privilégios e isenções .entre essas dominantes distinguiam-se os nascidos na Espanha  que ocupavam os cargos mais elevados , e os criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América , que , por sua vez, tinham algumas restrições à ocupação de altos cargos na administração colonial. Submetidos a uma condição muito mais precária ,estavam os mestiços , ameríndios, africanos e seus descendentes. No decorrer do tempo, a elite criolla, proprietária de grandes extensões de terras e administradora de áreas de mineração, conseguiu desenvolver certa autonomia e , até mesmo, maneiras de burlar o fisco espanhol . No início do século XVIII, a Inglaterra e a França ascendiam como novas  potências europeias. Nesse contexto, depois da morte de Carlos II, último monarca da cada de Habsburgo, eclodiu a Guerra de Sucessão Espanhola (1700-1713) , que , mais do que um conflito interno , tornou-se uma disputa entre a França e a Inglaterra pela hegemonia da Europa. Filipe de Bourbon , neto do rei Luís XIV da França , foi empossado como rei espanhol. Para compensar os ingleses , entretanto, a Espanha assinou o Tratado de Utrecht, estabelecendo várias concessões à Inglaterra , como a permissão de exportar uma carga anual de manufaturas para as colônias da Espanha (Navio Permiso) e o direito de asiento , pelo qual os ingleses poderiam realizar o tráfico de escravos para América hispânica. Com o declínio da mineração , a própria Coroa incentivou a mudança da pauta das exportações coloniais por meio da diversificação das economias regionais, com a produção regionalizada de artigos tropicais de alto valor para o mercado europeu. Nas Antilhas , onde ocorria , a importação de escravos africanos em massa, sugaram novas plantation's de açúcar para a exportação. Em Nova Espanha ( México ), produzia-se a cochonilha (corante vermelho) e, na América Central, o anil. Na Venezuela , o produto em destaque era o cacau; o Peru , o algodão ; e, em Nova Granada (Colômbia), o tabaco. Já no Rio da Prata (Argentina), destacavam-se a carne e o couro. Além disso, oficinas artesanais surgiram em Lima, Cuzco e Puebla e o contrabando aumentou. As maiores mudanças , contudo, aconteceram na segunda metade do século XVIII. Nessa época , as chamadas reformas bourbônicas, sob a influência do absolutismo ilustrado, visavam a uma maior racionalidade administrativa e , com isso, à recuperação econômica da metrópole. Novos vice-reinos foram criados , como o do Rio da Prata, em 1776, com capital em Buenos Aires. Medidas foram tomadas para diminuir as   liberdades municipais, restringindo assim, o espaço político dos criollos. O exclusivo comercial foi reforçado pela intensificação da fiscalização que garantia a interdição do comércio com outras nações. Surgiram novos monopólios reais: sobre o fumo, o sal, a pólvora e as bebidas alcoolicas. Com a extinção do regime de porto único e do sistema de frotas , tentou-se tornar mais dinâmica a relação entre a metrópole e as colônias. Em geral, as reformas tendiam a aumentar as tensões políticas. A proibição da produção de artigos que viessem a competir com seus similares metropolitanos, entre eles os têxteis, foi vista por muitos como mais um passo na retomada das prerrogativas coloniais. Com a administração direta dos impostos e o maior rigor fiscal, a economia colonial ficou sob um rígido controle. Nesse cenário, aos poucos, latifundiários , mineradores e comerciantes nascidos na América foram entendendo que o monopólio comercial espanhol representava um entrave à expansão de seus negócios.

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