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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Estado de Exceção


  Giorgio Agamben , filósofo italiano, era professor convidado da Universidade de Nova York. Depois do ataque às torres gêmeas do World Trade Center , em Nova York , nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, ao voltar de suas férias na Itália, Agamben desistiu de lecionar naquela universidade , porque lhe foram impostas várias condições , no aeroporto , para que entrasse no país: fichamento , coleta de impressões digitais , revista e outras exigências. Ele disse que não se submeteria às imposições , pois eram procedimentos aplicados a criminosos na prisão, e não a cidadãos livres. Esse fato teve grande repercussão internacional, pois com sua postura Agamben questionava o que estavam fazendo com cidadãos em todo o mundo. O filósofo observa que hoje os cidadãos são continuamente controlados e consideram isso normal. É o primeiro passo para que os regimes democráticos se tornem autoritários , com a carapaça de democracia. Olhe a sua volta e observe que está sendo filmado em todos os lugares. Há câmeras nas entradas e elevadores dos edifícios residenciais e comerciais, nos bancos , nas ruas e também nos corredores das universidades. Você sabia que somente na Inglaterra foram instalados 4,5 milhões de câmeras de vigilância na última década e que um habitante de Londres é filmado trezentas vezes por dia? Mas não é só lá. Em Clementina , uma cidade de 6 mil habitantes no interior de São Paulo , foram montadas torres de 25 metros com câmeras para fazer a vigilância da cidade. A justificativa é que essas câmeras , que capturam imagens a até dois quilômetros , intimidam os bandidos e auxiliam a polícia. Giorgio Agamben chama de Estado de exceção o tipo de governo dominante na política contemporânea , que se transforma o que deveria ser uma medida provisória e excepcional em técnica permanente de governo. Para Agamben , o Estado de exceção significa simplesmente a suspensão do ordenamento jurídico: a anulação dos direitos civis do cidadãos e seu estatuto jurídico como indivíduo. Ele defende a ideia de que o paradigma político do Ocidente não é mais a cidade , mas o campo de concentração. Vistas por essa ótica , as práticas de exceção contemporâneas , engendradas por um Estado policial protetor, fazem da política do terror e da insegurança o princípio gestor , estimulando , cada vez mais , a privatização dos espaços e o confinamento no interior deles.

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