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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Desigualdade E Segregação SocioEspacial


          Em qualquer grande cidade do mundo, espaço urbano é fragmentado. Sua estrutura assemelha-se a um quebra-cabeça em que as peças , embora façam parte de um todo, têm cada uma sua própria forma e função. As grandes cidades apresentam centros comerciais , financeiros , industriais , residenciais e de lazer. Entretanto é comum que funções diferentes coexistem num mesmo bairro. Por isso essas mesmas cidades são policêntricas. Em cada uma delas o distrito ou bairro mais importante possui seu próprio centro, suas ruas principais , que sediam o comércio e os serviços e servem de polos de atração ao fluxo de pessoas dos bairros próximos. Essa fragmentação, quase sempre associada a um intenso crescimento urbano, impede os cidadãos de vivenciar a cidade como um todo , atendo-se em  vez disso , apenas aos fragmentos que fazem parte do seu dia-a-dia e que caracterizam o seu lugar. O local de moradia , de trabalho , de estudo e de lazer é onde se estabelecem as relações pessoais. Pode-se dizer , então, que a grande cidade não é um lugar , mas um conjunto de lugares, e que as pessoas a vivenciam parcialmente. As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana. Quanto maiores as disparidades entre os diferentes de moradia, de acesso aos serviços públicos e de qualidade de vida , e maior a segregação espacial. No entanto, mesmo num bairro de população pobre , essa qualidade pode ser melhorada caso os serviços de educação , saúde , transporte coletivo, saneamento básico , entre outros , passem a funcionar  de  forma adequada. Essas mudanças positivas têm maiores chances de se concretizar quando a comunidade se organiza para melhorar o seu cotidiano e reivindicar os seus direitos. Quando isso não acontece, as desigualdades e a exclusão socio-espacial tendem a se manter e , muitas vezes , a aumentar. O medo da violência urbana vem impulsionando a criação de condomínios fechados, especialmente nas grandes cidades , mas também em cidades médias e até em pequenas. Buscando segurança e tranquilidade , muitas pessoas de alto poder aquisitivo vêm se mudando para este tipo de conjunto residencial , que se multiplicou nos últimos anos. Embora seja legítimo , do ponto de vista do indivíduo buscar maior segurança para si e sua família , esse fenômeno acentua a exclusão social e reduz os espaços urbanos públicos, uma vez que propicia o crescimento de espaços privados e de circulação restrita . Isso só tem aumentado a segregação socio-espacial. Além disso, muitos bairros, ao perderem população , acabam sofrendo um processo de deterioração urbana, o que aconteceu em algumas áreas do centro das grandes cidades, como em São Paulo , Rio de Janeiro , Salvador e muitas outras que atualmente buscam recuperá-las.


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