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quarta-feira, 11 de abril de 2018

A Centralização do Poder Monárquico


   A Reconquista trouxe importantes consequências para a organização das sociedades ibéricas. Do ponto de vista político, o poder foi centralizado pelos monarcas , sobretudo nos casos de Portugal e Castela. Dispondo de novas terras , que podiam conceder a seus vassalos , os monarcas ibéricos controlaram o poder da alta nobreza e obtiveram a fidelidade de cavaleiros e membros da pequena nobreza. Gradativamente , os reis foram esvaziando as atribuições da aristocracia, transformando os vassalos em súditos e assumindo a condução das questões jurídicas e administrativas.  Ao contrário do que ocorria em outras partes da Europa Ocidental, no feudalismo ibérico o rei não era apenas mais um senhor feudal. Dois outros procedimentos auxiliaram nesse processo de centralização. De um lado , os monarcas estimularam e apoiaram as organizações de homens livres das cidades , que deviam obediência direta aos seus respectivos soberanos. De outro, contaram com o apoio da Igreja como um instrumento a favor do poder monárquico.  Por sua postura em relação aos "infiéis", os reis ibéricos assumiram o caráter de monarcas a serviço de Deus, rejeitando assim a visão de Maquiavel quanto ao Estado. Tinham como obrigação , segundo as justificativas da época, ajudar a construir o império de Cristo a Terra. Na Península Ibérica haviam apenas começado sua missão. Ao final do século XIII, Portugal já tinha completado a conquista de seu território e apresentava avançados traços de centralização política. No restante da Península , os reinos cristãos procediam a uma série de fusões , por meio de casamentos, que culminaram na criação da Espanha , com a união da monarquia de Castela à de Aragão no século XV.  A unificação de toda a Península sob as ordens de um único rei esteve sempre no horizonte das monarquias ibéricas. Ao final do século XIV , como resultado de uma intrincada rede de alianças e casamentos , a monarquia portuguesa esteve muito próxima de ser incorporada aos domínios de Castela. Porém , um movimento político , denominado Revolução de Avis , levou ao trono , em 1385, D. João I, rão bastardo do antigo rei e mestre da Ordem de Avis. Durante mais de 20 anos , tropas portuguesas enfrentaram as forças castelhanas , que contaram com o apoio da parte da nobreza lusitana. Não se tratava de uma revolução da burguesia contra a aristocracia , como muitos insistem em apontar. A nobreza lusitana dividiu-se entre D. João e as pretensões de Castela. No entanto, a burguesia teve papel importante ao movimento , fornecendo recursos financeiros ao novo rei português para o recrutamento de soldados mercenários. Artesãos.  Camponeses e clérigos também participaram do movimento , que envolveu todos os setores da sociedade portuguesa. Começava a surgir o Estado moderno, pioneiramente na península Ibérica, em Portugal e depois em Castela. O poder monárquico tornara-se capaz de padronizar pesos e medidas, e de criar uma moeda única em todo o território, o que facilitava as transações mercantis , favorecendo a burguesia. O clero e a nobreza foram compensados pela distribuição de cargos e funções burocráticas.

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