Bom para os amigos , terrível para os inimigos , justo com os súditos e infiel a todos os outros : para Nicolau Maquiavel (1469-1527) , homem do Renascimento e funcionário do Conselho da Guerra de Florença durante 14 anos, esse devia ser o comportamento do governante. Em sua obra mais famosa, O Príncipe, aconselhava os chefes de Estado a agir contra a caridade , a religião e aboa-fé para garantir a força do Estado. Baseado em suas experiências como embaixador , afirmou que os governantes deveriam , em caso de necessidade , agir de má-fé ou com crueldade para se manterem no poder. Isso não significaria deformação moral, mas estratégia de governo. O importante seriam os resultados obtidos. Só um líder que utilizasse a força como princípio , em momentos conturbados , poderia manter seu governo. Em sua vida , Maquiavel , um pessimista em relação ao progresso da humanidade, assistira ao fortalecimento das monarquias francesa , inglesa, espanhola e portuguesa , os Estados MODERNOS , como hoje definimos. No entanto, a palavra "Estado" só começou a ter o sentido atual com "O Príncipe". A obra rejeitava a visão escolástica dominante de que o Estado seria uma criação divina e de que o governante deveria proceder segundo princípios morais cristãos. A religião não seria a base da política, mas apenas um instrumento útil na luta do príncipe para o sucesso. O homem medieval não conhecia Estados como os nossos. No seu mundo , pressupunha-se a existência de uma comunistas Christiana , um espaço político-religioso , em praticamente toda a Europa cristã. A Baixa Idade Média assistiu a uma importante modificação com o surgimento de monarquias fortalecidas , que , no início da Idade Moderna , serviriam de referência para a consolidação do olhar racional de Maquiavel sobre o Estado. Nesse sentido , é exemplar o percurso da construção do Estado português.