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quinta-feira, 12 de abril de 2018

A Questão da Moradia


     Historicamente , a ocupação do solo urbano empurrou a população mais pobre para a periferia ou para áreas centras deterioradas. Isso ocorreu por conta do planejamento urbano , que em geral não priorizou a questão da habitação para as camadas mais pobres , e dos grandes investimentos imobiliários , direcionados para a população de maior poder aquisitivo. Um traço marcante do rápido processo de urbanização em muitos países subdesenvolvidos (incluindo o Brasil) é a precariedade das moradias de parcela considerável da população, sobretudo nas grandes cidades. Isso é um reflexo do processo de modernização desses países , marcado pela concentração de renda e de propriedades e pela exclusão social de parte da população , que não tem acesso aos benefícios produzidos por essa modernização. No mundo inteiro , milhões de pessoas vivem em calçadas, praças , viadutos , marquises e sobrevivem de esmolas ou ajuda humanitária. No final dos anos 1990, mais de 600 milhões de pessoas viviam em condições insalubres ou em moradias que representavam algum tipo de risco. No Brasil, segundo o Censo Demográfico 2000 , havia 3905 favelas, 710 erguidas entre 1990 e 2000 . As duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro , abrigam quase duas mil favelas , e boa parte das moradias está localizada em áreas de risco - encostas de morros ou margens de rios e córregos. Grande parte das habitações nas grandes cidades é irregular - as construções foram feitas sem a autorização do governo municipal , em locais ou terrenos também irregulares. Além de trazer prejuízos para a prefeitura , o comprador de um lote irregular corre o risco de perder a casa que construiu , pois não possui o título de propriedade do terreno. Durante a crise dos anos 1980, houve em vários países latino-americanos um processo de proletarização de muitas famílias da classe média-baixa , que tiveram de se refugiar em favela e moradias precárias e se adaptar a inadequadas condições de vida. No início desta década , praticamente metade da população da cidade de São Paulo (cerca de 5,5 milhões de pessoas ) vivia em condições precárias: aproximadamente 3 milhões moravam em loteamentos clandestinos , 1,9 milhão em favelas e 600 mil em cortiços. Mas o problema de moradia não é exclusivo das grandes cidades : atinge todo o país. As condições precárias de habitação refletem a segregação urbana e a exclusão social, e estão intimamente ligadas à ausência de renda fixa e aos baixos salários de grande parte da população. Nas grandes cidades , a população das áreas centrais vem diminuindo, enquanto as periferias ficam mais densamente povoadas , tornando ainda mais difícil o acesso aos serviços de infra-estrutura urbana (como saneamento básico , saúde , educação, transporte e lazer). Isso determina um maior número de deslocamentos em grandes distâncias , contribuindo para agravar o trânsito e o desgaste físico e mental das pessoas , com aumento do tempo de deslocamento , dos gastos com transporte e da poluição. Em geral , o planejamento urbano em várias das grandes cidades brasileiras priorizou o transporte individual em detrimento do transporte público.

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