Qual seria o plano administrativo da colonização? Quanto a este aspecto , também se tentou aplicar uma experiência que já dera bons resultados nas ilhas do Atlântico . Em 1534 , a costa brasileira foi dividida em quinze grandes extensões de terra , com largura que variava entre 200 e 650 quilômetros , estendendo-se do litoral até a linha do Tratado de Tordesilhas. Essas extensões de terras , chamadas capitanias hereditárias, pois passariam dos donatários para seus herdeiros , foram doadas a titulares que possuíam grandes poderes: podiam dispor das terras bem como distribuí-las entre os colonos , nomear autoridades administrativas e judiciárias , receber taxas e impostos , escravizar e vender índios , fundar vilas , cobrar tributos pela navegação nos rios , etc. Havia dois tipos de capitanias : as principais, administradas pelos capitães-generais e governadores das capitanias , e as subalternas, administradas pelos capitães-mores ou governadores. A constituição política-administrativa das capitanias tinha por base jurídica a Carta de Doação e o Foral . Pela Carta de Doação o rei concedia a administração perpétua e hereditária de determinada porção do território ao capitão donatário . No Foral estavam fixados os direitos, foros e tributos a sem pagos pela população ao rei e ao donatário. A maior parte dos donatários não dispunha d recursos próprios para um empresa de tamanha envergadura . Receberam empréstimos e contribuições de banqueiros e negociantes judeus , de Portugal e da Holanda. Mas muitos deles nem sequer vieram para o Brasil . Dois que vieram , quase todos fracassaram: perderam todas as suas posses e , em alguns casos , a própria vida, sem nada conseguirem realizar. Apenas dois tiveram sucesso , em parte porque foram muito auxiliados pelo rei de Portugal e por banqueiros flamengos : Martim Afonso de Sousa, em São Vicente , e Duarte Coelho , em Pernambuco.