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terça-feira, 3 de abril de 2018

O Palácio Da Memória de Matteo Ricci


    Na segunda metade do século XVI, Matteo Ricci , um jesuíta italiano, dirigiu-se ao Oriente para converter indianos e chineses ao catolicismo. Tornou-se instrutor dos filhos de um interessante exercício de memorização. Seus alunos deviam construir mentalmente um palácio , cujo tamanho dependia de quantas coisas desejassem guardar. O estudante devia acostumar-se a visitar e reconhecer cada aposento , salão ou cômodo de seu palácio da memória. Cada imagem , informação , reflexão ou conceito aprendido devia ser cuidadosamente depositado em uma das partes desse palácio. Assim, quando quisessem lembrar de determinado assunto , teriam , primeiro, de procurar em sua mente o lugar onde haviam guardado as informações.  A associação entre as imagens dos lugares e os conhecimentos guardados facilitaria o desenvolvimento da capacidade de memorização. O papel do discurso oral como meio propagador da doutrina foi destacado tanto pelos protestantes quanto pelos católicos. Na cultura protestante , o sermão podia consumir horas, numa experiência emocional que envolvia a participação da audiência, com exclamações , suspiros ou lágrimas dos membros da congregação. O sermão era o gênero literário predominante e a cerimônia social de maior relevo; todas as classes sócias eram instruídas pela sua pregação. Sua  contrapartida imediata eram escuta. Escutar era o verbo evangélico por excelência. Era escutando a palavra divina que o homem religava-se a Deus. A Reforma fez-se , em grande parte , em nome da escuta : O templo protestante era, exclusivamente , um lugar de escuta. A própria Contra-Reforma, não lhe ficando atrás , colocou  o púlpito no centro da igreja (nas construções dos jesuítas), transformando os fiéis em ouvintes. Entre os membros da Sociedade de Jesus, conhecedores de diversas línguas nativas , tanto no Oriente como no Novo Mundo, a comunicação oral era o instrumento mais apto e próximo para a conquista das almas.

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