A Ásia é o maior dos continentes, correspondendo a cerca de um terço da superfície terrestre e abrigando mais da metade da população mundial. Além disso , não há como negar o notável desenvolvimento econômico e tecnológico de grande parte dos países asiáticos, um fato que tem consequências diretas e significativas para todo o mundo . Basta constatarmos, por exemplo , o número de itens eletrônicos que estão disponíveis no mercado brasileiro e que são provenientes de países da Ásia , como China , Coreia do Sul e Japão . Mas esse desenvolvimento tecnológico também causa preocupação , se considerarmos que países asiáticos como China, Índia e Coreia do Norte têm capacidade de produzir armas de destruição em massa. Tendo em vista o comentado e a importância geopolítica dos países asiáticos , o estudo da Filosofia oriental já seria significativo. Mas alia-se a isso o processo de globalização da economia , que tem sido acompanhado também de uma intensa troca cultural entre diferentes nações do mundo . Há , atualmente , uma abundância de traduções de quadrinhos japoneses nas bancas de jornal no Brasil , e muitos desenhistas brasileiros já aderiram ao mangá. Religiões asiáticas , como o budismo , são frequentemente adotadas no Ocidente mesmo por pessoas que não têm ascendência oriental . Esse interesse pela cultura oriental tem se estendido também ao estudo de alguns os pensadores mais representativos dos sistemas filosóficos do Oriente. Apesar do crescente interesse pela Filosofia oriental , seu estudo encontra diversas dificuldades. Em primeiro lugar , devemos lembrar que a tradição filosófica do Ocidente remota à Grécia Antiga, em grande parte por causa da relativa autonomia do pensamento grego em relação ao mito e à religião. Na maio parte dos povos do Oriente , porém , essa autonomia é menos óbvia. Sistemas filosóficos como hinduísmo , budismo , taoismo e confuncionismo constituíram-se também como sistemas religiosos. Além disso , é problemático falarmos de "uma" Filosofia oriental: a Filosofia da Índia , por exemplo , é tão diferentes da Filosofia da China ou Filosofia do mundo islâmico quanto estas são diferentes da Filosofia ocidental. Outra dificuldade em relação ao estudo das filosofias orientais é a visão preconceituosa que se construiu no Ocidente , principalmente por causa do imperialismo europeu , que subjugou política e economicamente diversos povos asiáticos. O teórico palestino Edward Said (1935-2003) usou , em 1973, a expressão orientalismo para designar essa atitude do Ocidente em relação aos povos do Oriente. Segundo Said , na visão de muitos pensadores europeus:
"[...] o oriental é irracional , depravado (caído) , infantil , 'diferente'; desse modo , o europeu é virtuoso , maduro , 'normal' [...]. O que dava ao mundo oriental a sua inteligibilidade não era o resultado de seus próprios esforços , mas era, antes , toda a complexa série de manipulações cultas pelas quais o Oriente era identificado pelo Oriente."
-SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras , 1990.p.50.
Essa atitude preconceituosa pode ser exemplificada com clareza pela postura de boa parte dos ocidentais que vê os povos árabes como fanáticos religiosos , por causa de ações terroristas de grupos isolados. O estudo das filosofias orientais exige o reconhecimento de que elas se constituíram ao longo de séculos e que não podem , de modo algum , ser vistas como inferiores. Uma síntese de sistemas filosóficos tão diversos é impossível em poucas páginas , mas é importante conhecermos as ideias de alguns dos pensadores orientais mais representativos .