Antes mesmo de se falar em globalização, os países ricos já haviam criado organismos internacionais para lidar com as rápidas mudanças que aconteciam no mundo. Por exemplo, o FMI ( Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento) foram criados ainda em 1944, na Conferência de Bretton Woods. Pouco depois, em 1947, surgiu o Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), com a finalidade de organizar melhor o comércio internacional. Até o início da década de 1980, muitos desses organismos tinham pouca importância em escala mundial, já que as relações internacionais ainda eram ditadas pelas duas superpotências da Guerra Fria. Além disso , as economias de quase todos os países do mundo eram muito fechadas, ou seja, protecionistas. Nesse contexto , as trocas comerciais e os negócios internacionais cresciam num ritmo bastante lento , se comparado com o impressionante dinamismo de nossos tempos. Na verdade, começaram a surgir mudanças significativas já na década de 1970. O comércio internacional crescia. Países como o Japão e a Alemanha exportavam cada vez mais, os meios de transporte evoluíam rapidamente, e o bloco de países socialistas já se mostrava esgotado. Esse cenário indicava que o capitalismo iria crescer muito mais nas décadas seguintes. Conforme o comércio mundial ganhava impulso , os países mais pobres passaram a ser convidados a participar dos organismos internacionais , onde se tornaram constantes as demais discussões sobre os rumos da economia capitalista. Ocorre que os países pobres, ao ingressarem nesses órgãos , acabavam fortalecendo-os e aceitando suas regras. Em consequência , as resoluções e as decisões tomadas pelos organismos internacionais passaram a ser apresentadas , nesse período, como um consenso, verdade absoluta e inquestionável que deveria ser acatada pelo mundo. O FMI , por exemplo, passou a incentivar a adoção de medidas neoliberais em diversos países , inclusive no Brasil: "privatização" e "abertura da economia" estão entre a expressões mais mencionadas pelos meios de comunicação desses países quando noticiavam temas relacionados à economia nas décadas de 1989 e 1990.